quinta-feira, 11 de novembro de 2010

le scaphandre et le papillon

acho que eu já escrevi sobre a força que nós, homens, temos. é algo inerente ao ser humano essa vontade de viver, de ser, de estar, de sobreviver...

eu acabei de ver um filme que mexeu muito comigo, le scaphandre et le papillon. não sei se você, estimado leitor já teve a oportunidade de ver este filme. é uma história real de um homem que sofre de uma doença rara e fica paralisado totalmente, só podendo comunicar-se com o meio exterior através do piscar de um olho. e ele escreve um livro assim!! putain!!!

enfim, o filme é um tapão na cara da gente, que reclama de tudo o tempo inteiro. leio no twitter gente reclamando das coisas mais banais que existem a respeito da vida. da minha experiência eu aprendi a ser menos reclamão. com o baque que eu sofri a gente acaba por aprender a conviver com problemas bem mais sérios do que a grande maioria das pessoas está acostumada a reclamar. tipo... eu preciso cuidar diariamente da posição das minhas pernas, o tempo inteiro. preciso mudar de posição a cada duas horas - tá certo que às vezes eu fico até seis horas na mesma posição (que a minha fisioterapeuta não leia isso) - mas enfim, preciso estar aware of this all the time.

então, você, prezado leitor, já parou para pensar o quanto você reclama de coisas banais todo dia? você já parou para pensar que a vida que você leva não é pior do que a esmagadora maioria das pessoas do mundo e que existem situações infinitamente piores do que a sua, com seres humanos iguaizinhos a você, por todos os lugares do mundo?

hoje, quando eu reclamo que eu sinto dores horríveis nas minhas costas, eu penso que tem gente que daria a sua vida para sentir a dor que eu sinto porque não sente nada e gostaria de sentir alguma coisa, nem que fosse dor? quando eu reclamo que não sinto quando faço xixi ou cocô, eu lembro que tem gente que precisa usar sondas para faze-los. enfim, você, leitor mais astuto já percebeu onde eu quero chegar.

existe coisa muito pior se olharmos para o lado, e as pessoas não estão reclamando da sua condição. não confunda com resignação. é apenas a aceitação de uma situação que não pode ser mudada pura e simplesmente. não quero pregar nada, nem quero mudar a sua opinião, caro leitor, mas penso que ao colocarmos a mão na nossa consciência por um minuto antes de reclamarmos de alguma coisa estaremos fazendo um grande bem, não para os outros, mas para si mesmo.