domingo, 26 de dezembro de 2010

camille me acalma

camilleouvir camille me acalma. ela tem uma voz douce e canta músicas divertidas, mas ao mesmo tempo que nos fazem pensar. pensar no futuro, pensar no presente. você, estimado leitor, conhece camille e suas músicas? se não, é uma boa pedida para quem curte français como eu.

voltando ao fato de que as músicas dela me acalmam, eu to precisando disso mesmo, principalmente depois do meu último post. mas falando em último post, queria comentar que obtive as mais diversas reações; pelo menos ninguém demonstrou pena de mim. é a última coisa que eu quero. teve gente que chorou, teve gente que se indignou, teve gente que me chamou de egoísta, teve gente que se solidarizou comigo.

de qualquer forma, eu gostaria de dizer que volta e meia eu me dou o direito de pensar daquele jeito, de botar pra for a todo o lixo que se acumula nos meus pensamentos. e, afinal decontas, quem é que não tem um bad day? você, prezado leitor, não tem também os seus dias ruins?

aposto que tem, sim. é a coisa mais normal do mundo ter um dia ruim, um dia de cão, como o filme. tá, talvez nem tanto, como no filme, mas um dia ruim todos nós temos, e temos o direito a nos dar o direito a ter esse dia ruim.

eu demorei a escrever um novo post porque o último foi muito pesado. pra mim e pra quem o leu. doeu. machucou. ficaram cicatrizes e elas não vão sumir tão cedo. isso é certo. mais certo do que as horas duram o dobro do tempo pra passar em jaguari.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

desabafo

today was a bad day, a very bad day...

hoje eu fiquei com ódio da minha vida atual, de ter que depender de alguém para as tarefas mais simples do meu dia a dia. ou você, prezado leitor, acha que eu fico feliz de ter que pedir ajuda para me virar na cama sem bagunçar os lençois? sem contar que ao me virar na cama sozinho eu sinto dores horríveis nas minhas costas. não é fácil ser eu these days.

These days–Bon Jovi

e a letra dessa música do Bon Jovi parece perfeita para o meu momentum… veja, estimado leitor:

these days the stars seem out of reach, yeah
but these days there ain't a ladder on the streets
oh no, no, no
these days are fast, love don't lasts in this graceless age
even innocence has caught the midnight train
and there ain't nobody left but us these days

eu não to feliz. não to me sentindo bem. não suporto mais ter que lembrar de fazer um milhão de coisas em horários determinados. não aguento mais usar fraldas. mijar por uma sonda. tomar uma pancada de remédios. sentir dores horríveis nas minhas pernas sem saber se isso é bom ou ruim, se eu vou voltar a caminhar ou não.

eu sei que “everybody's got their cross to bare, these days”, mas eu não to mais afim de carregar a minha cruz. to de saco cheio. really.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

chegar junto

quando encontro alguém que valha a pena querer beijar e carregar no colo, e fazer carinho pelo corpo todo, eu fico meio bobo. isso acontece com você também, estimado leitor? eu fico meio que sem saber o que fazer, o que dizer... não sei se devo agir ou esperar, se devo falar alguma coisa ou permanecer quieto.

você também tem essas dúvidas crueis, prezado leitor??

são dúvidas mortais que inundam meu pensamento e me deixam sem ação. sei que as melhores mulheres sempre são daqueles que não tem vergonha de agir, de chegar. mas e se o meu charme for justamente o fato de não chegar de primeira e conquistar a mulher amada aos poucos, com atitudes certinhas, frases bem colocadas e situações favoráveis. e se o meu charme for justamente o contrário do que dizem por aí?

eu, além de todas essas dúvidas, ainda por cima tenho a insegurança de quem está paraplégico. digo-lhe, caro leitor, não é fácil ser eu. não hoje em dia. eu preciso de ajuda pra um monte de coisas, até para andar na rua; não sei se eu conseguiria andar duas quadras sem precisar de ajuda de alguém pra subir um degrau de uma calçada ou uma rampa mal planejada em uma esquina qualquer. não está fácil ser eu nowadays.

domingo, 14 de novembro de 2010

devaneios

minha fisioterapeuta me acha misterioso. segundo ela eu não sou de falar muito, mas meus olhos dizem muitas coisas. isso me fez pensar a meu respeito. eu realmente me tornei uma pessoa mais séria, mais calada, observadora, contrastando com a impulsividade com que arianos normalmente tem.

me fez pensar se isso é bom ou ruim. de uns tempos pra cá eu comecei a me questionar se era melhor ficar calado a dizer uma bobagem, ou falar besteiras ao léu, sem medir as palavras. eu escolhi a primeira opção. talvez essa minha escolha fez com que a fisioterapeuta pensasse que eu tenho esse ar misterioso. eu contemplo as coisas muito mais do que interajo com elas. esse é o meu jeito agora. gostem ou não.

e parece que a maioria não gosta. haja vista minha mãe, que reclama que eu não falo com ela o bastante. segundo ela, eu deveria sorrir mais, "porque a vida está me filmando". eu realmente sorrio pouco também.e eu sei que eu deveria sorrir mais.

mas como sorrir mais na minha situação? você, leitor que me acompanha a mais tempo sabe dos tormentos a que eu me submeti nos últimos 18 meses. tem como sorrir mais e não ser contemplativo? durante esse ano de 2010 eu passei a maior parte do meu tempo deitado em uma cama. como poderia eu estar sorrindo mais?

tem gente que vê uma oportunidade em tudo. esse, definately, não sou eu. eu penso demais e nunca chego a um final satisfatório para mim. sempre chego à pior conclusão. as circunstâncias da vida me fizeram ser um pouco mais duro comigo mesmo. me fizeram me cobrar mais pelas minhas atitudes e pensamentos. e isso reflete nesse ser humano, cheio de falhas, mas que busca melhorar, mesmo que seja do seu jeito turrão, fechado, "misterioso", como diria a minha fisioterapeuta.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

o ato de mijar

a cada seis horas eu tenho um ritual, desde a minha última infecção urinária, que é fazer uma sondagem de alívio da bexiga. it's my way to pee =/

e eu já to de saco cheio porque é uma cerimônia mijar do meu jeito. tem iodo, saquinho descartável, luvas, sonda nº 12, etc. é uma bosta ter que fazer isso 4x/dia, todos os dias. queria ver você, estimado leitor, se tivesse que mijar the way i do it! eu duvido que você teria a paciência de jó para passar por todo o ritual 4x/dia.

sem contar quando o xixi resolve sair no meio do procedimento, antes de eu ter introduzido a sonda, e eu saio mijando por toda a cama. aí, o procedimento que dura em torno de 20 minutos ao total, demora mais uns dez, e dale lencinhos umedecidos perfumados.

a única coisa boa dessa história: eu duvido que você, garboso leitor, tenha uma genitália tão limpa e cheirosa quanto a minha. pago 100. ; )

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

le scaphandre et le papillon

acho que eu já escrevi sobre a força que nós, homens, temos. é algo inerente ao ser humano essa vontade de viver, de ser, de estar, de sobreviver...

eu acabei de ver um filme que mexeu muito comigo, le scaphandre et le papillon. não sei se você, estimado leitor já teve a oportunidade de ver este filme. é uma história real de um homem que sofre de uma doença rara e fica paralisado totalmente, só podendo comunicar-se com o meio exterior através do piscar de um olho. e ele escreve um livro assim!! putain!!!

enfim, o filme é um tapão na cara da gente, que reclama de tudo o tempo inteiro. leio no twitter gente reclamando das coisas mais banais que existem a respeito da vida. da minha experiência eu aprendi a ser menos reclamão. com o baque que eu sofri a gente acaba por aprender a conviver com problemas bem mais sérios do que a grande maioria das pessoas está acostumada a reclamar. tipo... eu preciso cuidar diariamente da posição das minhas pernas, o tempo inteiro. preciso mudar de posição a cada duas horas - tá certo que às vezes eu fico até seis horas na mesma posição (que a minha fisioterapeuta não leia isso) - mas enfim, preciso estar aware of this all the time.

então, você, prezado leitor, já parou para pensar o quanto você reclama de coisas banais todo dia? você já parou para pensar que a vida que você leva não é pior do que a esmagadora maioria das pessoas do mundo e que existem situações infinitamente piores do que a sua, com seres humanos iguaizinhos a você, por todos os lugares do mundo?

hoje, quando eu reclamo que eu sinto dores horríveis nas minhas costas, eu penso que tem gente que daria a sua vida para sentir a dor que eu sinto porque não sente nada e gostaria de sentir alguma coisa, nem que fosse dor? quando eu reclamo que não sinto quando faço xixi ou cocô, eu lembro que tem gente que precisa usar sondas para faze-los. enfim, você, leitor mais astuto já percebeu onde eu quero chegar.

existe coisa muito pior se olharmos para o lado, e as pessoas não estão reclamando da sua condição. não confunda com resignação. é apenas a aceitação de uma situação que não pode ser mudada pura e simplesmente. não quero pregar nada, nem quero mudar a sua opinião, caro leitor, mas penso que ao colocarmos a mão na nossa consciência por um minuto antes de reclamarmos de alguma coisa estaremos fazendo um grande bem, não para os outros, mas para si mesmo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

toneladas

neste momento sinto que minhas pernas parecem pesar uma tonelada cada uma. fui procurar a origem do termo tonelada, porque parece que a gente tá jogando um tonel em alguém, tipo: "vou te dar uma tonelada!"

segunda a wikipedia, en español, la palabra tonelada deriva de:

tonel y esta del diminutivo del francés antiguo tonne, tonel grande. Designa una medida de masa en el sistema métrico decimal, y actualmente en el Sistema Internacional de Unidades. Su símbolo es t, aunque también se emplea T o Tm (desaconsejados).

então, não estou tão errado quanto imaginava, cara leitor; tonelada pode ser usada como exemplifiquei antes. mas voltemos às m inhas pernas...

como eu dizia, neste momento sinto que minhas pernas pesam uma tonelada cada. é uma sensação estranha, bizarra, eu diria. mas é boa também. segundo os médicos e fisioterapeutas com quem tenho contato, toda sensação abaixo do nível da lesão é boa, no sentido de que significa que algum sinal está passando pra baixo; sim, a minha medula ficou um pouco esquizofrênica depois do accident e manda esses sinais erráticos pra baixo de onde eu me quebrei. são formigamentos, sensação de queimação, algo como se fossem raios nos meus nervos além de movimentos involuntários nos dedos dos pés; aliás, dia desses, numa manhã ensolarada em que eu estava tomando um sol na grande sacada do meu apartamento eu mandei que meus dedos se mexessem, e dois dedos obedeceram ao meu comando: o segundo do pé direito e o terceiro do pé esquerdo!! não, prezado leitor, eu não tentei mais fazer esse exercício, que, diga-se, foi bastante desgastante, pois tentar mexer com partes imexíveis do corpo humano cansa mais do que mexê-las, propriamente.

mas enfim, queria compartilhar com vocês essa sensação de peso nas pernas que eu to sentindo e que é boa, do ponto de vista médico e do ponto de vista da esperança de voltar a mexer as pernas e, consequewntemente, voltar a caminhar, que é o meu grande objetivo de vida hoje.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

procrastinar

eita verbinho mais safado esse, não?

eu acho que todo ser humano procrastina alguma coisa no decorrer da sua vida, não é possível que uma pessoa normal viva 70, 80, 90 anos sem ao menos ter dado uma procrastinadinha em alguma coisa durante o percurso da sua vida.

eu deixo tudo para a última hora. funciono sob pressão. sou um baita vadio se não tem alguém me empurrando ou me puxando pra fazer alguma coisas sozinho. por exemplo: exercícios de fisioterapia em casa; não faço sozinho. estudar para alguma prova; deixo para os últimos dias. comprar presentes de aniversário; deixo para o último momento. e você, prezado leitor, procrastina?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

eu não sei rezar

simples assim, eu não sei rezar. descobri, agora, que eu não consigo rezar. um ato simples, banal, comum a bilhões de pessoas no mundo é difícil pra mim. eu me sinto em débito com meu lado espiritual, mas não consigo rezar...

eu quase morri duas vezes, acredito que meu anjo da guarda estava comigo nas duas vezes, mas não sinto/vejo nada que me dê vontade de rezar. eu não tenho medo da morte; a morte não me assusta. eu não tenho nenhuma dúvida a respeito da vida. as coisas são como são e ponto final. se eu voltar a caminhar vai ser porque eu corri atrás, fiz fisioterapia certinho, busquei a ajuda necessária e o resultado será esse. não consigo creditar as coisas que acontecem comigo a alguma coisa divina apesar de crer em algo superior a nós.

o astuto leitor já deve estar se perguntando, e eu respondo: não, eu não me considero ateu. eu acredito em um poder superior, mas também acredito que muito desse poder está dentro de cada um de nós. nós somos senhores do nosso destino, creio eu.

sábado, 18 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

coisas antigas

dizem que o que passou, passou; que a gente não deve desenterrar o passado; que não vale a pena remexer no que está enterrado... pois bem, eu desenterrei um passado até que recente: li todas as mensagens que troquei com a cinderela, desde a primeira, até a última (odeio escrever essa palavra, "última")

me deu um frio na barriga como a tempos não me dava. lembrei das palavras afetuosas que outrora trocávamos... as mensagens no celular, as mensagens no facebook, as conversas no msn... tudo!

eu não deveria remexer nesse passado não tão distante. ele está perto demais para que eu passe incólume por ele. mexeu comigo. não dá para negar. me fez levantar uma série de perguntas que ainda teimam em ficar sem respostas. e eu continuo buscando-as, lutando contra moinhos de vento tal qual um don quixote; batendo na ponta da faca.

eu não deveria ter fuxicado nesse passado tão próximo.

domingo, 8 de agosto de 2010

a parada ou só os fortes sobrevivem

o cérebro da gente é impressionante. fico apavorado com a capacidade de adaptação dele; com as estratégias que ele usa para nos preservar de momentos de stress físico e mental; com a sua fragilidade e força, ao mesmo tempo.

era um sábado de manhã como qualquer outro, mas não pra mim: eu mal acordei e estava tendo uma parada cardiorrespiratória na enfermaria do hospital sarah, na minha cama. tive sorte. uma enfermeira passava por perto da minha cama no exato momento em que eu estava entrando em síncope. ela chamou o enfermeiro-chefe que prontamente montou em cima do meu corpo desfalecido e começou os procedimentos de revitalização. nisso a equipe da uti já estava a caminho. fui entubado ali mesmo e levado para a uti. até então eu estava totalmente inconsciente, sem saber de nada do que estava acontecendo. eu não sabia que a minha vida estava em jogo ali, deitado e entubado naquela cama.

o primeiro flash de sobriedade veio mais tarde, quando recebi uma visita. nesse momento eu achava que estava sonhando. até que eu comecei a perceber coisas sutis, mas que foram me dando a dica de que aquilo não era uma brincadeira de mau gosto. a principal era ver um canto do hospital de base de brasilia, que da enfermaria onde eu estava ficava bem abaixo do nível do 5o. andar; ali, naquela situação, eu estava no 2o. andar. mas até então eu não sabia o porquê de estar ali, naquela situação, entubado, amarrado e muito agitado. só sabia que eu estava na cama número 5 e que eu não conseguia falar nada.

o segundo flash veio depois, não sei quando, em um momento em que eu consegui soltar o braço esquerdo das amarras e fui direto ao tubo que mandava oxigênio para os meus pulmões. eu quebrei esse tubo duas vezes, mas não dessa vez, pois uma enfermeira viu a tempo que eu havia me soltado e veio correndo me segurar. não me orgulho de ter quebrado esse tubo duas vezes. eu não lembro de absolutamente nada. não lembro que meus pais já estavam junto comigo nesse momento.

acordei cinco dias depois, sem nenhuma sequela cognitiva ou motora. fiquei um dia grogue por causa dos remédios. foi quando me explicaram o que aconteceu comigo e as prováveis causas da(s) minha(s) parada(s) cardiorrespiratória(s). sim, eu tive mais uma parada quando já estava na uti. a causa de tudo isso foram os remédios opióides que eu estava tomando. seguido de uma pneumonia.

acordei, cinco dias depois, agradecendo ao meu anjo da guarda por mais esse salvamento da minha pele. pesando tudo na minha vida pregressa e calculando meticulosamente os passos da minha vida por vir. ouvi dos médicos da uti que só os fortes sobrevivem a duas paradas cardiorrespiratórias. me senti mais forte dali por diante.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

o tempo

Time flies. Time waits for no man. Time heals all wounds. All any of us wants is more time. Time to stand up. Time to grow up. Time to let go…time.

o tempo... costumamos dizer que o tempo voa, que o tempo não espera por ninguém, que ele cura tudo... tudo o que queremos é ter mais tempo. tempo para ficarmos de pé, tempo para crescermos. tempo pra deixarmos.... tempo.

essa frase de um episódio de grey's anatomy, usada por uma amiga nesse domingo de sol e cama me fez refletir sobre o tempo. não sou o primeiro e não serei o último, com certeza. o que me coloca em vantagem é que hoje eu tenho tempo. tenho todo o tempo do mundo, mas é como se eu não tivesse tempo pra nada. ter todo o tempo do mundo não significa, necessariamente, ter tempo para fazer alguma coisa que se quer, por exemplo, sair tomar um sorvete, no meu caso, impossível.

hoje está um dia cinzento e chuvoso e eu tenho todo o tempo do mundo para refletir sobre a vida, sobre a minha vida; o que está certo, o que está errado; o que pode mudar, o que não deve mudar; o que eu posso fazer, o que eu não preciso fazer; e assim por diante. e você, caro leitor, tem tempo sobrando para pensar na sua vida? você sabe o que quer? para onde vai? se está certo ou errado?

com o tempo, implacável, também aprendi a desamar.

eu desamei nos últimos meses. e como é ruim desamar alguém. cortar o vínculo, quebrar a corrente... desamar é doloroso. você já desamou alguém, caro leitor? é difícil, principalmente se você mantem contato diário com a pessoa. e tem como não ter contato diário com a pessoa hoje em dia, com todas estas redes sociais que existem na internet??? e a gente busca o contato, não é verdade? por mais que a gente saiba que é ruim, a gente busca o contato; chama no msn, vai ver a página do facebook, fuça nas fotos recém postadas no álbum do orkut; a gente quer saber mais da vida do nosso desamor. e como dói...

mas aos poucos essa obssessão vai diminuindo, o ímpeto de procurar se esmorece e a gente vê que há vida após um desamor. e há muito tempo para pensar no próximo amor...

"mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão"

terça-feira, 3 de agosto de 2010

não pense na dor

não entendo porque me pedem para não pensar na dor que eu sinto diariamente para não senti-la... é como pedir para eu não pensar que eu sou paraplégico para eu não me sentir paraplégico.

isso até que funciona em algumas situações, como ver um filme, por exemplo: eu me distraio vendo o filme e não fico pensando que eu tenho uma dor horrível ou que eu sou paraplégico. mas no segundo em que acaba o filme meus pensamentos se voltam para o meu quotidiano: eu estou paraplégico e sinto uma dor filha da puta no meu peito e nas minhas costas, uma dor que arde, que queima.

então, não me venhan pedir para eu não pensar na minha dor para não senti-la. não funciona assim. infelizmente. é hipócrita, é sem sentido e é doloroso demais me pedir isso.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

oito de junho em brasilia

hoje está iniciando uma nova etapa na minha vida. algo novo, inexplorado, já surpreendente e, com certeza, edificante.

conheci várias histórias de pessoas como eu, que estão buscando o impossível, buscando paz, saúde e, sobretudo, a cura para algo que não tem remédio na medicina atual. é emocionante. em alguns momentos, é triste, mas geralmente é alegre e muito tocante.

as pessoas que aqui trabalham o fazem por amor e carinho. uma relação muito forte se concretiza já no primeiro dia. é incrível!

nunca antes na minha vida eu quis tanto vir para um lugar e nunca antes as minhas expectativas se superaram tão rapidamente. estar aqui por apenas doze horas já é gratificante. a sequencia promete. e muito.

sábado, 5 de junho de 2010

um outro blog

Untitled

eu criei um outro blog, diferente, aqui. o blog normal é meio melancólico, conta histórias reais (outras nem tanto); tem o meu dia a dia; tem desabafos e descarregos.

esse novo não. como a própria definição que eu fiz, logo abaixo, o novo blog é feliz e vai mostrar apenas coisas que eu gosto, que eu quero, que eu amo, que eu sonho. coisas boas, enfim.

não vou desativar esse aqui. cada um com a sua utilidade.

“hoje é quatro de junho de dois mil e dez. em quatro dias começa, em brasília, a minha "caminhada" para voltar a caminhar... nada mais apropriado do que começar um novo blog, diferente. engraçado. mais eu. sem melancolia. com muitas fotos. muita cor. muita luz. participem. ajudem. criem junto. façam parte. eu faço questão. S2”

quando o amor se vai

mil poetas já tentaram criar uma definição sobre o amor... não sei se algum deles chegou perto de descrevê-la de forma completa.

neruda era o rei das metáforas amorosas. buscava nas paisagens a inspiração para escrever alguns dos mais belos poemas de amor já escritos.

vinícius, com o sei jeito carioca pilantra, sugava tudo o que podia das mulheres com quem dividia seu amor, quando ele acabava, acabava-se tudo. vinícius precisava sempre de uma mulher ao seu lado para compor. e compunha divinamente.

outros autores que não me recordo agora também discorrem páginas e páginas sobre o amor, versos, sonetos, poemas, poesias, contos, romances roteiros de filmes, etc.

me pergunto se a inspiração deles todos, tirando vinícius de moraes, que era público e notório, eram histórias reais, vividas no dia a dia de cada autor. aquilo que acontecia na sua vida amorosa era imediatamente transcrito em textos e poesias lindos e maravilhosos exaltando o amor.

amar, por si só é um ato egoísta. ninguém ama incondicionalmente uma pessoa, sem exigir, mesmo que inconscientemente, algo em troca. é inevitável. é preciso uma contrapartida, senão, o sentimento do amor torna-se algo patológico, sombrio, ciumento e desvirtuado. ama incondicionalmente aquele que não ;e correspondido, e continua a amar; ele dedica a sua vida a um amor platônico que não é correspondido, sofre demasiadamente, pois não tem reciprocidade, mas mesmo assim, ama. ama incondicionalmente também aquele que abandona um amor por um bem maior. ele continua amando, mesmo tendo abdicado da sua parceira.

enfim, amar, relacionar-se com pessoas é um dom e ao mesmo tempo uma prova de fogo. quando o amor se envolve na situação, fica ainda mais difícil - uns tendem a racionalizar, outros se jogam de corpo e alma na relação, sem pensar muito no que pode acontecer. é o meu caso. eu pulo da cachoeira, lá dos seus 100 metros de altura, para depois perguntar de tem água lá embaixo, onde eu possa mergulhar e, assim, não me machucar. it's too late.

viajei?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

ansiedade não mata, mas quase

estes dias sem escrever tem motivos:

repentinamente descobri que vou a brasília, para o sarah;
consequentemente venho tendo crises de ansiedade;
por conseguinte, parei com quase tudo e hibernei uns dois dias.

mas são águas passadas. hoje me encontro ek um estado um pouco melhor, mas com medo de ficar sozinho no quarto à noite, com medo de acordar durante a madrugada e não conseguir dormir mais e com medo dos meus demônios.

eu quero tanto ir para brasília que isso está me fazendo mal. em uma destas noites achei que eu estava possuído. juro por deus nosso senhor. não conseguia ficar parado, meus braços se mexiam à própria guisa. uma sensação de aperto no peito. não conseguia pensar em outra coisa senão essa coisa e a bola de neve só aumentava, meu deus o que fazer, rezei, pedi ajuda ao meu anjo da guarda, minha vó me benzia de longe, minha mão me aspergia água benta e eu na cama a rolar de um lado para o outro desesperadamente sem saber mais onde tudo isso iria parar. até que parou.

parou, e eu voltei a dormir. e depois de uma hora dormindo voltou. e parou. e no início da manhã tudo de novo. e parou.

quando acordei, estava totalmente imundo de syor e xixi, o maldito xixi que eu não controlo. ali, naquele momento, eu resolvi que a parte da descida da montanha-russa havia acabado.

fui ao banheiro, fiz a minha barba, tomei um longo banho quente, deixei toda a podridão escorrer pelo ralo do banheiro, junto com a espuma e os restas de barba. chegou no fundo. dali não descia mais. começava a subida, que foi tranquila e serena. ontem foi um dia feriado muito bom. exorcisei os meus demônios no banheiro, mandei-os ralo abaixo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

o roto falando do rasgado

esse post é dedicado a uma amiga que, antes de tudo, é um ser humano excepcional. o título do post é de autoria dela e, no momento em que ela escreveu esta frase, eu já sabia que isso viraria texto do blog.

a história começou no twitter, quando, tanto eu, quanto ela, chatos que somos, escrevemos coisas que limitam (ou se propõem a limitar) a liberdade de expressão das pessoas. você, leitor que conhece o twitter, sabe que, às vezes, é obrigado a “seguir” aquele amigo/conhecido chato pra caralho, que escreve sem parar e só escreve coisas sem sentido e sem interesse. eu, essa minha amiga e mais outras pessoas que conheço que tem um mínimo de bom senso tentamos, às vezes, com frases sarcásticas ou diretas mesmo, cercear a liberdade dos outros de escreverem aquilo que bem entenderem.

só que aqui nesse ponto, que é onde eu e algumas pessoas concordam, entra uma máxima muito difundida entre nós, de que todo chato é desproporcional. aqueles que não tem bom senso são, no mínimo, pessoas querendo chamar a atenção da tuitosfera através de  microposts chatos, desnecessários e inoportunos.

mas a nossa concordância é fator suficiente para limitar a lioberdade dos outros? o que a gente pode fazer a respeito? chamamos o fulano ou a beltrana e dizemos que ele/ela é chato(a)? simplesmente bloqueamos a pessoa e pronto?

e aí uma simples e ingênua conversa entre o roto e o rasgado vira uma questão moral, ética e filosófica profunda e de interminável discussão: quem pode o quê na internet?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

HISTÓRIA DE UM BRÂMANE (HISTOIRE D'UN BON BRAMIN)

esse é um conto do Voltaire que eu queria reproduzir há muito tempo. bom, here it is :

História de um Brâmane apareceu em 1761 na Seconde Suite des Mélanges de Littérature, d'histoire et de Philosophie, com a qual se completam as obras de Voltaire na edição Cramer, de Genebra. Fora entretanto escrita em 1759, porquanto em outubro desse ano Voltaire a enviava à sua amiga, Mme. du Deffand. A moral da parábola, pois é mais uma parábola ou um apólogo do que um conto, está na carta que acompanhou a remessa: "Exorto-vos a gozar, quando puderes, essa vida que é bem pouco, sem temerdes a morte que nada é".
A personagem do brâmane é um dos heróis preferidos das facécias, dos diálogos e dos panfletos de Voltaire. Encontramo-lo até no Dicionário Filosófico. Quanto ao processo de oposição, no caso o do sábio à pobre velha, é igualmente comum em Voltaire. Foi, de resto, graças a esses contrastes que o escritor conseguiu desmoralizar a especulação metafísica.
S.M.*

Encontrei nas minhas viagens um velho brâmane, homem bastante sábio, cheio de espírito e de erudição; de resto, era rico, e por isso mesmo ainda mais sábio; pois como nada lhe faltasse, não tinha necessidade de enganar a ninguém. Seu lar era muito bem governado por três belas mulheres que porfiavam em agradar-lhe; e, quando não se divertia com elas, ocupava-se em filosofar.
Perto da sua casa, que era bonita, bem ornamentada e cercada de encantadores jardins, morava uma velha hindu, carola, imbecil e muito pobre.
- Quem me dera não ter nascido! - disse-me um dia o brâmane. Perguntei-lhe por quê. - Há quarenta anos que estudo - respondeu-me -, e são quarenta anos perdidos: ensino aos outros, e ignoro tudo; esse estado me enche a alma de tal humilhação e desgosto, que me torna a vida insuportável. Nasci, vivo no tempo, e não sei o que é o tempo; acho-me num ponto entre duas eternidades, como dizem os nossos sábios, e não tenho a mínima ideia da eternidade. Sou composto de matéria, penso, e nunca pude saber por que coisa é produzido o pensamento; ignoro se o meu entendimento é em mim uma faculdade, como a de marchar, de digerir, e se penso com a minha cabeça como seguro com as minhas mãos. Não só o princípio do meu pensamento me é desconhecido, mas também o princípio de meus movimentos: não sei por que existo. No entanto, cada dia me fazem perguntas sobre todos esses pontos; é preciso responder; nada tenho que preste para lhes comunicar; falo bastante, e fico confuso e envergonhado de mim mesmo após haver falado. O pior é quando me perguntam se Brama foi produzido por Vishnu, o se ambos são eternos. Deus é testemunha de que nada sei a respeito, o que bem se vê pelas minhas respostas. "Ah ! meu reverendo", imploram-me, "dizei-me como é que o mal inunda toda a terra." Sinto-me nas mesmas dificuldades que aqueles que me fazem tal pergunta: digo-lhes algumas vezes que tudo vai o melhor possível; mas aqueles que ficaram arruinados ou mutilados na guerra não acreditam nisso, nem eu tampouco; retiro-me acabrunhado da sua curiosidade e da minha ignorância. Vou consultar nossos antigos livros, e estes duplicam as minhas trevas. Vou consultar meus companheiros: respondem-me uns que o essencial é gozar a vida e zombar dos homens; outros julgam saber alguma coisa, e perdem-se em divagações; tudo concorre para aumentar o doloroso sentimento que me domina. Sinto-me às vezes à borda do desespero, quando penso que, após todas as minhas pesquisas, não sei nem de onde venho, nem o que sou, nem para onde vou, nem o que me tornarei.
O estado desse homem me causou verdadeira pena: ninguém tinha mais senso e boa fé. Compreendi que, quanto mais luzes havia no seu entendimento e mais sensibilidade no seu coração, mais infeliz era ele.
Vi no mesmo dia a velha sua vizinha: perguntei-lhe se alguma vez se afligira por saber como era a sua alma. Nem chegou a entender a minha pergunta: nunca na sua vida refletira um momento sobre um só dos pontos que atormentavam o brâmane; acreditava de todo o coração nas metamorfoses de Vishnu e, desde que algumas vezes pudesse conseguir água do Ganges para se lavar, julgava-se a mais feliz das mulheres.
Impressionado com a felicidade daquela pobre criatura, voltei a meu filósofo e disse-lhe:
- Não te envergonhas de ser infeliz, quando mora à tua porta um velho autômato que não pensa em nada e vive contente?
- Tens razão - respondeu-me ele; - mil vezes disse comigo que seria feliz se fosse tão tolo quanto a minha vizinha, e no entanto não desejaria tal felicidade.
Essa resposta causou-me maior impressão que tudo o mais; consultei minha consciência e vi que na verdade também não desejaria ser feliz na condição de ser imbecil.
Expus a questão a filósofos, e eles foram da minha opinião: "No entanto", dizia eu, "há uma contradição nessa terrível maneira de pensar." Pois do que se trata, afinal? De ser feliz. Que importa, pois, ter espírito ou ser tolo? Mais ainda: aqueles que estão contentes consigo estão bem certos de estar contentes; mas aqueles que raciocinam não se acham tão certos de bem raciocinar. "É claro", dizia eu, "que se deveria preferir não ter senso comum, uma vez que este contribua, o mínimo que seja, para o nosso mal-estar." Todos foram de minha opinião, e todavia não encontrei ninguém que quisesse aceitar o pacto de ser imbecil para andar contente. Donde concluí que, se muito nos importamos com a ventura, mais ainda nos importamos com a razão.
Mas, refletindo bem, parece uma insensatez preferir a razão à felicidade. Como se explica, pois, tal contradição? Como todas as outras. Aí há muito de que falar.

* Sérgio Milliet

a vacina

sexta pela manhã eu fui tomar a vacina da gripe do porco. não doeu. não deu reação. não me senti mal. nada. até hoje de tarde, domingo. dores de cabeça, dores pelo corpo e a minha mãe me dizendo o tempo todo que eu preciso comer.

essa história de comida já está indo longe demais. minha mãe (que é uma pessoa adorável, muitos de vocês, já a conhecem) está me tratando como se eu fosse um anoréxico. é o tempo todo “tu tem que comer”, “come isso, come aquilo”. é o papel de mãe cuidar do seu rebento, esteja ele com um ou 33 anos.

a briga de hoje foi por que eu não tomei café da manhã, pois dormi até tarde. almocei bem, no fim da tarde, como uns doces e sobremesas deliciosos que ela fez. vim para a cama, mal por causa da vacina do porco. febre, suador, sonhos horríveis (pesadelos, no caso), mal etar pelo corpo, dores musculares de toda a sorte. sinto muito mãe e todo o mundo, eu não to pensando em comer nesse momento. a pergunta que fica é: isso é tão anormal? com 33 anos eu não sou capaz de saber o que, quanto, quando e como comer?

acordei as 3:30 da madrugada, com fome, óbvio. minha cama estava mijada. precisava trocar o lençol de cima. não achei nenhum lençol no quarto. lembrei-me de que tinha visto lençois secando na á de serviço. bom, aproveitei, fui comer, pegar o lençol e fumar um cigarro. noite calma. chuvinha fraca do lado de fora.

comi o que tinha vontade de comer, peguei o lençol, fiz um chá, fumei um cigarro e, quando saio da área de serviço, minha mãe aparece querendo saber o que eu estava fazendo. é claro que ela já sabia o que eu estava fazendo e, às 4:10 da manhã eu preciso ouvir novamente o sermão de que preciso comer mais regularmente e que eu não preciso fumar. blá, blá, blá. histórias de mãe.

mãe e pai incomodam, às vezes, mas a gente não pode esquecer que só existe um de cada e que, por mais que a gente esteja certo, eles sempre estão mais certos do que nós. isso significa que eu tenho que comer direitinho e parar de fumar? sim. ou não. depende de mim, eu tenho 33 anos e sei o que é bom ou ruim pra mim e pra minha saúde.

resumo da questão: eu tomei duas mijadas que não precisava por que me senti mal por causa da fucking vacina da gripe do porco.

sábado, 22 de maio de 2010

mijar de pé

pissingcaminhar é um ato tão mecânico do ser humano que a gente não percebe quantidade de músculos envolvida no processo.

é desnecessário dizer que os meus músculos, da barriga pra baixo, além de não exercerem nenhum tipo de movimento, estão tão atrofiados pelo tempo que já estou sem utilizá-los, que os exercícios que eu venho fazendo para tentar recuperá-los são extenuantes demais e exigem muito das partes do corpo que respondem aos meus estímulos: um pouco de quadril, abdômen e muito das costas, das minhas já combalidas costas.

de uns dias pra cá, caro amigo leitor, as minhas costas vem fazendo um barulho que deixa qualquer um assustado (até a minha fisioterapeuta se apavorou com os claques e cliques que as minhas costas fazem). é estranho demais, visto que no último exame que fiz, tudo estava bem e no lugar. weird.

voltando ao caminhar; então, estou percebendo que cada músculo, cada impulso recebe um comando e faz o movimento. comigo não é assim, pois a lesão da medula deixou os meus nervos e músculos, digamos, esquizofrênicos. tá uma bagunça generalizada e o objetivo das minhas fisioterapias é fazer com que isso tudo se coordene de forma que eu possa me sustentar, em primeiro lugar, e caminhar, num segundo momento. eu estou ansioso, e isso é outra coisa que eu preciso aprender a controlar.

eu tenho uma listinha de coisas que eu quero fazer depois que eu voltar a caminhar decentemente, e vou cumpri-la, não importa a ordem, desde que a primeira coisa seja mijar atrás de uma árvore na rua. porque nós, homens, temos uma vantagem fenomenal sobre as mulheres que é ter o dom de transformarmos, se quisermos, o mundo em um grande mictório. a gente mija de pé atrás de qualquer coisa. eu perdi isso, mas quero reconquistar esta vantagem o quanto antes.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

paolo nutini - jenny don't be hasty



who the fuck is jenny ? is it myself ? who am i here ?

terça-feira, 18 de maio de 2010

the merovingian's french



gente... é tão bom xingar em francês.... todo mundo deveria aprender... lol, ou melhor mdrrrrr

segunda-feira, 17 de maio de 2010

eu que falei sem pensar

que merda é falar as coisas sem pensar...

em algumas vezes a gente não faz nenhuma besteira, mas, via de regra, o ato de não pensar antes de falar alguma coisa a alguém gera desconforto; se não na hora, em algum momento posterior. você vai se arrepender, é certo que vai. hora ou outra a casa cai e você se encontra naquela situação desconfortável de merda que não queria para si e já é tarde demais para voltar atrás.

ainda bem que o mundo dá voltas e que as pessoas esquecem facilmente as coisas. isso faz com que o erro crasso se torne uma vaga memória de um passado distante. mas tem gente que não esquece. eu não esqueço. você, leitor mais astuto, já sabia disso. é óbvio que eu não esqueço. eu fico remoendo tudo aqui dentro da minha cabeça nesse cérebro maldito que não para nunca de funcionar e que me deixa puto em alguns momentos. se eu fosse um computador, com um botão liga/desliga e com comandos simples de ms-dos, tudo seria mais fácil. eu dava um reboot, format c:/q e tava tudo resolvido.

mas não. eu mastigo tudo, engulo, rumino, mastigo de novo e assim eu vou, demoradamente, como a minha evacuação, esquecendo das merdas que fiz ou deixei de fazer. geralmente das que fiz, pois prefiro me arrepender de ter feito algo errado do que imaginar o fato de ter tentado algo e não ter conseguido. aí sim. fico remoendo à morte.

porque estou escrevendo isso agora, nesse momento? bom, estou remoendo uma coisa, amargamente arrependido de ter dito outras, me achando estupidamente idiota por ter feito outras e querendo não ter agido de uma forma ingênua e imbecil em outras.

enfin, c'est la vie - on se fait mal à cause des gens. on se récupère, on se met debout, on redemarre la vie et on continue à se faire chier jour après jour.

domingo, 16 de maio de 2010

aprendendo

ao ter apenas duas mãos para fazer o trabalho de um corpo inteiro, você se dá conta de que precisa ficar forte. é uma coisa que acontece da noite pro dia; de repente você se vê numa situação em que não tem absolutamente nenhum controle sobre mais da metade do seu corpo e precisa direcionar tudo através da mãos e dos braços. é foda. é desanimador e, pior, de tudo, é desanimador (a redundância é proposital). a primeira pergunta é: mas como? você olha os outros fazer o mesmíssimo movimento que você tem que fazer executado com maestria, lá vai você, todo dono da situação e, pimba... ossinho da bunda num canto da cadeira, joelho esfregado na porta do carro, dedos dos pés esmagados contra a parede. pior: você não sente dor alguma. parece que dói ainda mais.

o que então deve-se fazer? fisioterapia, muita fisioterapia. se possível, duas vezes ao dia, quanto mais, melhor. levar um corpo já estressado de um acidente horrível, de uma intervenção cirúrgica violenta ao extremo não é uma das sensações mais agradáveis. o seu corpo pede água, pede descanso, mas a sua cabeça está lá, a mil, querendo mais e mais, querendo melhorar logo. aí você chega em casa, podre da fisioterapia, que foi, mais uma vez extenuante do ponto de vista físico e um fracasso do ponto de vista da melhora, pois nada muda de um dia para o outro. mas aos poucos vai mudando.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

uma flecha que dispara sem rumo

tudo sempre passa muito rápido, rápido como uma flecha, rápido como um cometa... quando a gente percebe, já foi. eu vejo todos ao meu redor falando que cada ano passa mais rápido, que cada dia demora menos pra acabar, que tudo virou rotina, que sempre fazemos as mesmas coisas. mas que diabos! por que a gente faz sempre as mesmas coisas, na mesma ordem, sempre da mesma maneira? porque é cômodo, porque é mais fácil... nós temos tantos problemas pra resolver durante o dia que nem nos damos conta de coisas banais acontecendo ao nosso redor, e são coisas banais que fazem parte da vida, que importam, que a gente deveria se dar conta.

num piscar de olhos eu perdi muito, numa noite que não era pra ter fim, mas que deveria ter acabado muito antes. nós vivemos no limite, sem medir as consequencias dos nossos atos, sem se preocupar com as atitudes que tomamos ou deixamos de tomar. eu deveria ter ido pra casa. mas um fato cármico/cósmico, uma pura fatalidade, a vontade de deus – whatever you name it - me colocou onde eu estou hoje.

muitas vidas foram mudadas com uma atitude minha, o curso da vida de muitas pessoas simplesmente teve que ser alterado bruscamente por causa de uma atitude egoísta minha. eu desencadeei uma série de eventos que mexeu no balanço do sistema solar. viagem? talvez?

eu costumava não acreditar muito em coisas que não podiam ser cientificamente comprovadas, costumava acreditar naquilo que estava ao alcance da minha mão. ainda tenho esse cacoete de duvidar de coisas que não podem ser explicadas. esse meu ceticismo foi se formando, não sei de que maneira, mas foi se petrificando dentro de mim e foi tomando conta do meu ser. divagando, o que é o amor? como começa, por que começa? de onde vem? o amor não é cientifico, mas eu sei que eu tive três amores na minha vida até agora, cada um com a sua intensidade, mas foram três, consigo enumerá-los, consigo lembrar como foi, como começou e como terminou. como terminaram comigo. t., j., t. de novo e c. começou aos 15 e terminou na noite em que eu festejava os 31. que bela maneira de se festejar um aniversário. terminando o namoro que mais durou, o que foi mais forte, o que mais doeu, o que mais me fez feliz, o que mais me fez aprender e, acho, o que eu mais ensinei. ainda, depois do acidente, teve a cinderela, que eu considero como o meu quarto amor, mas sobre esse já falei bastante, não é, caro leitor?

passei uma tarde inteira pensando de que forma as pessoas enxergam estas mudanças que lhes foram impostas, como elas encaram isso, como é que elas reagem, por que se abstem, porque se prontificam. me engano ou é uma relação de troca? é como o amor verdadeiro, que só existe no egoísmo? acho que ninguém gostaria de estar no meu lugar hoje, precisando de alguém para fazer muitas coisas banais que eu fazia sem prestar atenção; minha mãe, quando eu era criança, sempre me dizia para tomar água devagar, quando eu chegava em casa esbaforido de uma tarde de futebol com os amiguinhos da rua e enfiava a cabeça embaixo de uma torneira e entupia o estômago de água até não poder mais; segundo ela, eu tinha que sentir o gosto da água. a minha resposta era sempre a mesma: “mãe, água nào tem gosto, é inodora, incolor e insípida; não tem gosto”. hoje eu sei que água tem gosto, sim. tem gosto de água.

tudo pra mim, hoje, é difícil ao quadrado; locomoção, principalmente, necessidades físicas, dormir, sentar, tudo, enfim. mas tudo que eu faço hoje, eu presto atenção, os mínimos movimentos, as posições para dormir, o jeito de sentar, o equilíbrio do corpo. eu to passando por uma fase em que tudo está mudando e eu to tendo a capacidade de perceber estas mudanças. i'm aware now.

eu estou cada vez mais consciente do que se passa ao meu redor, e consigo ter atitudes que condizem com o que está acontecendo. eu estou amadurecendo aos 33 anos, achando que tinha amadurecido aos 23. questões do tipo: o que vai ser da minha vida agora? como eu vou me virar? vou ter todas as minhas habilidades físicas restabelecidas? pra onde vou? dentre milhares de outras do gênero, povoam a minha cabeça, mas não me assustam mais. novamente eu não sei o que quero da minha vida, aos 33 anos (já sei mais ou menos), quando eu já deveria estar casado, bem estabelecido, com filhos, como manda o figurino e como eu acho que meu pai gostaria... mas esse não sou eu. eu descobri que eu sou um ser mutável que não gosta muito de obedecer os padrões que a sociedade me impõe, que não gosta de ficar sossegado num canto do mundo vendo a vida passar como uma flecha, ou como um cometa, se preferirem. eu quero mais. não sei como, nem com quem, nem quando e muito menos porque... mas eu quero mais.

aquele segundo em que eu perdi o controle do carro que saiu da estrada e que bateu em uma árvore e capotou e que me deixou assim momentameamente, e que salvou duas vidas além da minha, passou, como uma flecha. e não volta mais, infelizmente, ou felizmente. mas não volta MESMO. e eu não me lamento por isso, pelo contrário agradeço por não ter morrido, e tava bem fácil de morrer naquela hora, e por não ter matado duas pessoas maravilhosas que hoje, coincidência ou não do destino, fazem parte da minha vida de uma forma indelével. agradeço por ver que tenho uma família, que apesar de todos os defeitos, me ama, me quer bem e faz de tudo pra eu me sentir bem do jeito como estou. it ain't easy babe... it ain't easy, mas algo mudou, e mudou pra melhor. era preciso. será que estava escrito? você, leitor, acredita nisso? eu não acreditava, e ainda não sei se acredito, mas que precisava, precisava. era o único jeito de me parar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

vocês não entendem - parte 2 ou eu não sou a luciana

eu falei que iria escrever um pouco mais sobre o meu dia a dia e não vou decepcioná-los. no primeiro texto eu falei sobre xixi e cocô. não vou falar sobre ereção. esse blog é lido por menores de idade e isso seria pornográfico. eu até posso ser desbocado, mas não sou pornográfico.

como muitos de vocês viram, eu estou com aparelhos novos, sendo que um deles me permite ficar de pé quase sem ajuda. é uma sensação estranha, ficar de pé, dez meses depois. eu não lembrava que eu era tão alto - e eu sempre me achava baixinho (talvez por que sempre me interessei por mulheres mais altas do que eu (com uma exceção muito importante e especial)). eu não posso usar aquele treco sozinho. preciso de ajuda para colocá-lo, para subir e para me manter de pé, mas mal parodiando neil armstrong: é um pequeno passo para mim, mas um grande passo para a a minha recuperação.

aí, agora, me pego pensando, como é possível que de um dia para o outro eu possa ter uma atitude totalmente diferente em relação à vida, a minha recuperação, às pessoas ao meu redor, além de acreditar no inimaginável e sentir na carne - e nos ossos - essa diferença? realmente existem mais segredos e coisas inexplicáveis entre o ceu e a terra do que a gente imagina. que bom!

porque eu coloquei no título que eu não sou a luciana? um motivo muito simples: a tv monta todo um glamour em torno da personagem, sem contar que ela tem tudo o que é de mais moderno e avançado, profissionais o tempo inteiro ao redor dela, e outras coisas que não cabem colocar aqui. isso é televisão! é ridículo. é tudo fake. no máximo a minha história se parece com a de algumas das pessoas que se prestam a dar aqueles depoimentos cheios de emoção no final de cada capítulo da novela. tudo o que se fala ali (dos poucos capítulos que vi) é um quadro bonito de uma situação de merda que aflige muita gente, inclusive eu.

não é bom ser para ou tetraplégico. não é bom acordar de manhã e ver que tu não consegues caminhar. não é nada bom tomar consciência de que isso pode ser permanente. não é bom sentir dor diariamente, desde o momento em que tu acordas até o momento em que adormeces (com ajuda de remédios fortíssimos). e, sobretudo, não é bom olhar para o lado e ver que tu precisas de um equipamento estranho chamado cadeira de rodas para se locomover. é uma merda. não venham me dizer que é bom ou que é aceitável. não. não é aceitável, isso não faz parte da condição natural humana. pessoas normais caminham, fazem xixi, cocô e sexo normalmente e não com a ajuda de remédios ou sem consciência. quem diz que isso é bom é hipócrita. e quem acredita nisso é tão ingênuo quanto o cândido de voltaire, que vê o mundo desmoronar ao ser redor, mas sempre acha que tudo está o melhor possível.

ter consciência disso não me faz perder a vontade de continuar lutando e trabalhando para melhorar, não vai me fazer esmorecer. eu quero recuperar tudo de volta. e vou fazer de tudo para ter tudo de volta. em alguns dias eu posso me permitir ficar mal, depressivo, chato, querendo morrer. mas faz parte. c'est la vie, e, reiterando, eu não sou a luciana.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

torcendo por você- carlos drummond de andrade



então, nos resta torcer...

vocês não entendem

o depressivo boy que se apossou do meu twitter há algumas horas atrás resolveu deixar um texto para o blog, e eu vou prublicá-lo, sem cortes e restrições. então, se você não tem um estômago forte, não continue e pule essa parte.

coluna (2)de ladinhosim, eu passei o dia inteiro pensando em morrer. já faz alguns dias que eu venho pensando nisso, cada vez mais frequentemente. talvez seja pelo ócio em que me encontre, mas eu prefiro creditar todo esse sentimento na dor que eu venho sentindo nos últimos dias. qualquer movimento que eu faça, qualquer posição em que eu me encontre me faz doer as costas. por demais. e não era assim. minhas costas fazem barulhos estranhos o tempo todo, se eu me viro para a direita, para a esquerda, se eu me espreguiço, se eu me encolho. se eu pender para um lado ou para o outro, também dói e faz barulhos cada vez mais preocupantes e altos. é como se os meus ossos das costas estivessem se chocando uns contra os outros sem nenhuma proteção natural. você, leitor, mais inteligente já deve estar se perguntando: e os exames, o que dizem? bom, fiz uma tomografia computadorizada há um mês e estava tudo certo, tudo no lugar inclusive meu doc disse que, se eu quisesse, eu já poderia tirar o punhado de parafusos e hastes das minhas costas (estes aí do lado), pois os meus ossos estão consolidados e nesse sentido não há mais nada a se fazer. a partir de agora, é tudo neurológico.

hoje acordei tarde, dia das mães e eu acordei tarde. fui almoçar com a única dos meus avós que ainda está viva (mãe da minha mãe), a vó. várias pessoas estavam lá, comi muito, foi superdivertido. eu sempre fico ao lado do fogão à lenha – minha vó já sabe e sempre deixa um cantinho pronto pra mim. cheguei em cima da hora, pois como já foi dito, acordei tarde. inconscientemente, eu já sabia que hoje não era um bom dia. justo no dia das mães! tentei disfarçar, acho que fui bem sucedido por um tempo, mas logo minha mãe percebeu que algo não estava bem comigo. eu adoro e odeio isso ao mesmo tempo. ela tem um dom de me ler por dentro, só de me olhar (não sei se todas as mães são assim. a minha me “lê” a quilômetros de distância). no fim do dia, meu pai foi me buscar e eu mal pude me despedir dela. era, pra mim, o fato explícito de que algo estava errado entre nós.

quando eu disse, antes, que vocês não entendem, eu quis dizer que ninguém entende o que eu sinto. as minhas dores, os meus pensamentos, as minhas angústias, as minhas alegrias… ninguém sabe como é. através dos meus relatos vocês podem ter uma noção de como é, mas mesmo assim, ninguém, nunca, vai saber como é de verdade. mas eu garanto pra vocês. não é bom. as dores que eu sinto são horríveis e são constantes, com mais ou menos intensidade dependendo da posção em que eu me encontro. geralmente deitado, em posição fetal, é como eu me sinto melhor, e mesmo assim, respirar dói.

quando eu disse antes, que vocês não entendem, que eu estou cansado de viver assim, é por que a grande maioria de vocês, meus amigos que leem o blog, não sabem como é o meu dia a dia. isso, quem sabe é a minha família mais próxima e alguns amigos muito íntimos, com os quais eu tenho a liberdade de falar sobre tudo, ou quase tudo. pois bem, eu vou tentar, mais ou menos, explicar como é um dia na minha vida.

alguns sabem que eu durmo tarde, sempre depois da meia-noite – dificilmente durmo antes disso. devido à falta de sensibilidade que eu tenho das costelas para baixo, eu precisaria mudar de posição de decúbito a cada 2h. com o temppo eu descobri que eu não preciso fazer isso, se tomar alguns cuidados. geralmente eu os tomo. travesseiros auxiliares, posições diferentes, etc. tudo ajuda. mas além disso, eu preciso também acordar a cada 2h para ver se eu fiz xixi (sim, eu não sinto quando faço xixi. para maiores explicações sobre o assunto, clique aqui.) a quantidade de xixi, obviamente, depende da ingestão de líquidos, ou seja, quanto mais eu bebo, mais eu mijo. matemática pura e simples. com um fator agravante, se eu fizer pouco xixi, posso ter infecção urinária (já tive duas, uma quando ainda estava no hospital, me recuperando do acidente; outra que me levou de volta ao hospital, já em santa maria). é tudo questão de controle, há dez meses e por este motivo as camas onde eu durmo devem ter dois lençóis intercalados por um plástico, caso ocorra uma catástrofe, no caso, eu não me acordar a cada 2h e verificar a minha urina. sometimes, it’s just too late. bom, aí troca-se o lençol de cima, e tudo bem, tudo volta ao normal. às vezes esse processo dura 10min, às vezes 30min. calcule, prezado leitor, como é o meu (mau) humor pela manhã depois de uma noite de sono extremamente agradável controlando a minha urina e as posições de dormir a cada 2h, com eventuais trocas de lençóis. pois é.

tem mais. a cada semana, mais ou menos, tem o número dois. heh… achavam que era só isso?? o número dois é pior. devido à falta de marcha (isso quer dizer que eu não caminho), meu intestino foi ficando preguiçoso, digamos. e como a minha lesão foi na coluna torácica, tudo que é controlado dali pra baixo foi afetado, isso inclui um músculo extremamente importante de um corpo humano, e o arguto leitor já sabe que ele se chama esfíncter, o anal. deus na sua eterna bondade, ao inventar esse trauma, pelo menos foi generoso ao deixar o esfíncter permanentemente fechado. bom, aí, meus intestinos vão enchendo à medida que eu como, e eu vou comendo, comendo e o intestino vai processando tudo e enchendo, enchendo. até que ele enche completamente. aí é o dia d. tamanha força e pressão internas fazem o danado do esfíncter abrir - sem avisar -, e ele só fecha quando sai tudinho. pronto, estou limpo. esse é o meu processo de evcuação, que normalmente demora de uma a duas horas e já foi motivo de vários cancelamentos de encontros com amigos. eu não sei quando vem. e quando vem, não há como impedir. uma evolução até agora dessa parte: eu sinto dores de barriga, cólicas monstruosas. e nada disso é indício certo de que eu vou, enfim… defecar. esse é um trabalho que eu não consigo fazer sozinho e que eu jamais pediria ao meu amigo mais amigo do mundo para fazer. questione-se se você pediria? não né. por isso dependo tanto do meu pai e da minha mãe, são eles que literalmente metem a mão na merda pra que eu fique limpinho e cheiroso e possa sair com vocês e me divertir, na medida do possível. e eu confesso a vocês, eles passam por maus bocados. é o tipo de coisa que eu não sei nem por onde começar a agradecer. acho que são coisas que pai e mãe fazem pela gente, não importando a idade que temos. eu ainda pretendo ter filhos, e tenho certeza de que não hesitarei um segundo em limpar a bunda deles, tenham eles a idade que tiverem.

tem mais, mas eu deixo para um segundo capítulo, ok?

a lição que eu tirei do dia de hoje, após falar com várias pessoas sobre a minha vontade de morrer foi que “a vida me espera”; se eu olhar para o lado, tem gente que vive em condições muito piores do que a minha (não que isso me conforte, muito pelo contrário, mas me faz pensar que se essa pessoa que está pior do que eu enfrenta a vida, eu também posso enfrentá-la}; sem querer virei motivo de exemplo para várias pessoas que me escrevem sempre, uma dessas pessoas salvou a minha noite hoje ao dividir um texto comigo (obrigado, meu amigo); desde o início dessa minha aventura eu criei uma máxima: “eu vou buscar a solução disso, demore o tempo que demorar, custe o que custar e doa o que tiver que doer”.

então, sua dor filha da puta, sai fora desse corpo que ele ainda tem muita coisa a fazer nesse mundo. boa semana.

domingo, 9 de maio de 2010

quando ficar na cama é uma boa

vamos a mais um assunto que, talvez, esteja se repetindo, mas enfim. você, leitor, já passou por aqueles dias em que a vontade de sair da cama é menor do que zero? não é preguiça, não é falta do que fazer... o que é então? o mal de viver, a melancolia?

hoje meu dia foi assim. não saí da cama. fiquei o dia inteiro deitado, esperando a morte chegar, bravo com o mundo, de cara amarrada, conversando pouco com as visitas e com meu pai, que a todo o momento queria me fazer sair da cama para fazer algo: "te mexe um pouco", dizia ele. e eu nada, só reclamando que estava com dor e que não iria sair daqui, da camo, no caso, por nada no mundo.

finalmente, lá pelas 20h, resolvi levantar para jantar, a juju estava aqui e é sempre divertido comer com ela. acho que ela pegou um hábito de uma ex minha que não podia senta-se à mesa sem alguma coisa para beber: "maria, acho que tu esqueceu alguma coisa", disse a juju, repetidas vezes, até que chegou a tão esperada coca-cola. =)

vi um pedaço da novela (eu a vejo quando sei que tem paria na jogada, aí mato um pouco a saudade daquele lugar mágico), mas chegou uma hora que eu não conseguia mais ficsar sentado, precisava me deitar de qualquer jeito; acho que a mudança de tempo colabora um monte com a dor. essa dor filha da puta que eu sinto everyday, às vezes, mais, às vezes, menos.

uma vez na cama, fiquei pensando várias coisas, inclusive na cinderela (sei que não posso mais falar dela aqui, mas peço uma exceção hoje). e foi só pensar nela que recebo uma mensagem no celular. quando tocou o bipe do meu telefone, avisando que uma memsagem chegara, eu já sabia que era dela. e senti aquele prazer inundar o meu corpo - "uma mensagem da cinderela", pensei. bom, trocamos algumas palavras e ficou por aí.

em verdade vos digo, sem a cinderela por perto, não tenho muita vontade de escrever. ela é a minha musa inspiradora, que me faz querer escrever, pensar e criar. no fim das contas, com esse distanciamento, tenho duas opções: escrever, mesmo assim, textos que não tem o mesmo conteúdo recheado de carinho e amor, ou parar de escrever de uma vez por todas.

eu não quero parar de escrever, mas apesar do tempo livre, poucas coisas vem à cabeça, poucas coisas úteis e admissíveis, afinal, tem coisas que eu nunca vou escrever, nem sobre a cinderela, nem sobre ninguém. esse blog não é uma máquina de lavar roupa suja, muito menos roupa velha.

como encerra sempre seus textos, copio de um amigo: "saravá!"

quinta-feira, 6 de maio de 2010

as duplas horas

você, leitor que conhece jaguari, já sabe: as horas aqui duram duas horas !

nasci no dia cinco de abril de 1977, no hospital de caridade de jaguari, às 11h10 da manhã, com fome, segundo a minha mãe. tinha 3,100kg e, sem ninguém saber, eu tinha um problema, um defeito de nascença chamado estenose congênita do piloro, ou, segundo a minha vovó ida: "o guri nasceu com as tripas entupidas". aos 37 dias de vida, magro, e vomitando tudo o que me davam para comer e beber, quase já sem chances de continuar vivo, fui submetido a um raio-x com contraste, no qual o dr. acacio descobriu meu problema congênito. aos 38 dias de vida, dia 13 de maio de 1977, pesando 2,800kg, fui operado, com sucesso. é assim que começa a minha história.

minha infância foi tranquila, em cidade pequena, você sabe como é, estimado leitor, não há muitos perigos. então eu era um menino abusado. eu sempre testava os meus limites, os limites dos outros, das coisas, do tempo... ficamos em jaguari até os meus quase 16 anos. quase tudo na minha vida que eu fiz por primeiro, o fiz em jaguari.

muitos jaguarienses saíram da cidade, em busca de novas oportunidades, de uma vida nova, ou simplesmente por que não aguentavam mais viver duas horas a cada hora do relógio. as missas em jaguari são intermináveis. chegar de um lugar a outro na cidade, apesar de levar cinco minutos, demora dez! e o que dizer das noites... no inverno, as noites em jaguari tem cerca de 20 horas. você já pensou, caro leitor, 20 horas sob o breu da noite! no verão, as noites quentes, úmidas e abafadas tem 14 horas.

desenvolvemos uma teoria na qual jaguari fica num ponto geográfico único no planeta, alinhado de forma extremamente singular com a via láctea. isso faz com que o tempo em jaguari seja dobrado, e faz também com que tudo, toda a matéria universal, tenha passado por jaguari em um dado momento do tempo na nossa existência. mesmo sem saber, você, sim, você mesmo!, leitor, já deve ter passado por jaguari numa dobra espaço-tempo, e nem sabe. você não sabe onde fica jaguari, mas já ouviu falar, ou ouviu alguém falando. você pode não conhecer um jaguariense, mas conhece alguém que conhece, com certeza. isso não lhe parece... estranho, arguto leitor? enfim...

eu sempre achei que eu seria o jaguariense mais famoso. que eu seria um presidente da república, um piloto da nasa ou um físico ou compositor brilhante. mas aos poucos as minhas aspirações foram se apagando. presidente da república não pode ir mal no colégio, diziam (que bizarro né, termos, hoje, um presidente semianalfabeto); piloto da nasa, isso é coisa dos americanos, onde já se viu (mas que gozado, um brasileiro voou numa nave espacial da nasa há pouco tempo, não); um físico eu não seria nem querendo, soube no momento em que recebi a minha primeira prova na escola (4,2); um compositor, um músico, vi que não dava pois na minha primeira tentativa de aprender os acordes de uma música, desisti, decepcionado com a minha inaptidão para com o instrumento. mas eu sempre me lembrava que na minha formatura do prézinho eu dissera: "quando eu crescer eu quero ser professor!", fiquei muito tempo pensando, que ridículo, professor.

e assim, aos poucos, eu fui deixando de lado os meus sonhos e fui crescendo, vivendo e indo com a onda da vida. passei por vários lugares, conheci várias pessoas, vivi muitas coisas que não teria vivido, se tivesse ficado em jaguari.

eu nunca fui de brigar. não sou nem nunca fui aquele tipo de menino encrenqueiro e brigão. eu era destruidor. gostava de quebrar coisas, testas limites, como já foi dito. e desde cedo eu fui inclinado a amar as mulheres. meu primeiro amor platônico foi a dani, uns sete anos mais velha do que eu. a conheci na dia do aniversário de 15 anos da minha prima, que era colega dela. a cada dia eu amava uma mulher diferente: a pati, a ju, a caren, a dani, a mel... eu era um sonhador. sonhava com aquelas gurias todas, a cada dia apaixonado por uma delas. eu mudava de cidade, mas os amores continuavam, a carol, outra dani, a ju, a fer... sempre mudando, mas sempre me apaixonando; a grasi, a clau, a gi, a lu, a be... e elém dessas que eu citei, houve quatro grandes amores na minha vida, e isso já foi dito também, eu acho. se não foi, eu não vou falar por que não interessa agora. não que não sejam importantes, foram os que eu consumei, mais ou menos, vivi, fui parte e fiz a diferença. outra hora eu conto sobre eles, se elas me deixarem... =)

mas assim como as horas em jaguari duram duas horas, o meu amor por essas gurias/mulheres era dobrado. nunca foi um gostar ou um querer beijar ou transar, era amor mesmo. eu me apaixonava de ficar olhando com a boca aberta, babando, contemplando... os cabelos, os contornos do corpo, o jeito de caminhar, a postura, o jeito de falar, o rosto, tudo. eu era muito observador. acredite, caro leitor, leitora, eu me apaixono assim, sempre. é intenso, é forte, é único. isso tem um lado bom, e tem um lado ruim, como tudo na vida. mas aos poucos eu fui aprendendo a lidar com o sofrimento advindo dos amores não correspondidos ou dos fins dos amores correspondidos.

entretanto, assim como as horas em jaguari duram duas horas, o meu amor por estas criaturas maravilhosas demora para ir embora. demora o dobro. mas passa, vira amizade, carinho e posso dizer que nenhuma delas me odeia. tenho certeza de que todas me querem bem e quando pensam em mim, pensam com carinho.

porque eu resolvi escrever tudo isso? importa? nesse momento, eu estou em jaguari, escrevi este texto em uma hora, mas parece que foram duas. nessas duas horas eu ri, chorei, me emocionei, lembrei de coisas engraçadas e de outras nem tanto, mas foram duas horas agradáveis. é o que importa.

terça-feira, 4 de maio de 2010

a folha em branco

o desafio de qualquer artista... aquele grande pedaço de papel totalmente branco, esperando, ávido, por uma pincelada. uma batida de uma tecla, um pixel... não me considero um artista, mas estou há vários minutos olhando para este espaço em branco, tentando imaginar o que escrever. se abstraio a realidade do dia de hoje ou se a incluo (uma daquelas milhares de decisões que a gente toma no dia-a-dia); se carrego meu texto com o sentimento que me preenche ou não; se escrevo, afinal.

uma boa parte dos leitores vinham aqui para ler as histórias da cinderela, para saber qual seria o próximo passo ou qual foi o último encontro, ou mesmo para tentar descobri-la. a história da cinderela acabou e ficou o sonhador em busca do amor verdadeiro lutando contra a dura realidade que lhe cerca.

concedo-me o direito de não escrever hoje, agora. sinto muito.

paula toller - meu amor se mudou pra lua



isso que eu chamo de timing... pra bom entendedor...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

as coisas não são como a gente quer

os gurus falam sempre uma frase que me deixava - e ainda me deixa - crente de que eu poderia ter tudo o que eu quisesse: "querer é poder". repita três vezes, mentalize e... puft: seu desejo realizado! serve para qualquer situação - dívida no jogo, amor mal-resolvido, atrair sorte, espantar mau-olhado e toda sorte de problemas que você, arguto leitor, quer resolver. bom, eu cresci acreditando nisso. tenho 33 anos e ainda acredito nisso.

aí acontece o seguinte: nem sempre a gente consegue aquilo que quer. faz parte do mundo, do ser humano. nem a verusca salt da fantástica fábrica de chocolates do willy wonka teve tudo o que ela queria; acho que nem a rainha beatrix, da holanda tem tudo o que ela quer... bem, você já deve ter entendido, caro leitor, n'est-ce pas ?

resultado da criança educada para ter tudo e percebe que nem sempre é assim que funciona: aos quatro anos ela bate pé, chora de mentira e vai para o quarto; aos sete ela xinga o pai a mãe, toda a geração anterior da família, bate o pé, chora de mentira e vai para o quarto; aos doze ela discute com o pai e com a mãe, os xinga, xinga os antepassados, bate o pé, chora um pouco menos (principalmente se for menino) e vai para o quarto; daí em diante, o já adolescente, briga e sai de casa pra espairecer - se ele for meio marginal (ou metido a marginal), ele vai fumar maconha com os amigos, se rebela contra a sociedade, vira punk/anarquista ou bicho-grilo/veggie ou um milhão de outras coisas...

voltando ao assunto e, insistindo no erro de dizer que eu já tenho 33 anos, eu ainda fico bicudo quando algo acontece diferentemente daquilo que eu quero. simples assim. e odeio que venham me dizer para ter paciência; odeio que me digam "que é assim mesmo"; odeio que me digam para me conformar, pois, sozinho, eu não vou mudar o mundo. odeio gente conformada. odeio essa filosofia barata cristã de que tudo acontece pelo melhor ou por que deus quis assim. eu acordo todas as manhãs fazendo escolhas, e vou para a cama à noite escolhendo. sou eu que tomo as decisões que me afetam e que afetam aos outros, diariamente, milhares de vezes por dia. o que eu quero dizer com isso, é que eu não acredito no acaso e que as coisas não acontecer por acontecer. cada atitude minha, ou sua, prezado leitor, desencadeia uma série de ações que interferem no seu mundo, e até mesmo no meu, em alguns casos.

isso não quer dizer que eu não acredite no destino. em um destino que nos foi, ou nos é traçado a cada instante, em virtude daquela escolha feita, ou não feita, durante o café da manhã.

o mundo está aí, enorme e cheio de opções, basta escolher. nós temos opções, basta olhar ao redor.

este texto parece um tanto agnóstico, mas se você, leitor astuto que é, perceber bem, vai ver que ele é cheio de concepções religiosas, mais ou menos ortodoxas que te fazem pensar. bom, a mim, me fazem pensar, e muito. é o que me interessa. se faz você pensar, melhor, somos eu e mais um ou dois don quixotes a lutar contra os moinhos de vento do nosso caminho.

welcome to the fight club !

noisettes - never forget you



i can put some music, after all, this is my blog =)

domingo, 2 de maio de 2010

porque sonhar faz bem

eu sou um sonhador, por natureza. talvez isso venha da minha mãe. do meu pai, provavelmente não é, pois ele é uma pessoa fincada no chão com raízes fortes - e isso o desqualifica um pouco do papel de sonhador. mas ele tem outras qualidades que não vem ao caso agora.

o que é um sonhador, uma pessoa sonhadora, prezado leitor?

seria aquele lunático, que vive procurando respostas às perguntas mais básicas e inexplicáveis de qualquer ser humano e que se descola totalmente da realidade? talvez essa pessoa seja uma sonhadora. provavelmente ela é o extremo da definição para ser humano sonhador.

seria, talvez, aquele indivíduo que quer ser um ator de televisão, ou uma modelo, um jogador de futebol, mas que moram em lugares tão distantes dos grandes centros que dificilmente realizarão seus sonhos? mesmo assim, sonham com o grande dia em que encontrarão um olheiro ou alguém em busca de um rosto exótico. mesmo se isso não acontecer, não podemos dizer que essas pessoas não são sonhadoras, não senhor, caro leitor.

poderia ser, aquela pessoa que busca viver um sonho que viu em uma novela, ou em um livro, um filme. afinal, geralmente, novelas, livros e filmes tem finais felizes, e como seres humanos que somos (excluindo aqui os sádicos), todos buscamos a felicidade; nem que seja um toque efêmero de felicidade alheia do final de um romance, ou o casamento do mocinho com a mocinha no último capítulo da novela (como são educativas essas novelas, não?).

eu ainda tenho uma classe de sonhadores, na qual me enquadro, que é uma mistura das três anteriores - sempre quis saber de onde viemos e para onde vamos e vivo me perguntando e tentando achar a resposta para isso; uma vez quis ser jogador de futebol, mas vi que não tinha o talento suficiente para jogar no grêmio, mas mesmo assim, sempre me aventurei pela lateral-direita dos "times" por onde passei, com mais ou menos sucesso; e tal qual um conto de fadas (um filme, uma novela, um livro), eu busco o amor verdadeiro incessantemente, aquele amor puro, quase lúdico, simples, sem máscaras e barreiras e pedras que se colocam no meio do caminho o tempo todo.

eu até acho que estou me tornando repetitivo nos meus textos do blog, mas se escrevo sobre um assunto mais de uma vez é por que o considero interessante para ser rediscutido. é também uma maneira que eu tenho de pensar mais sobre o assunto e colocar pra fora meus sentimentos que me sufocam. uma vez eu achei que tinha esse amor, e ele durou bastante tempo até, mas não era pra ser. pelo menos não naquele momento.

enfim, amigo leitor, buscar o amor verdadeiro é um sonho que faz bem. mas ele te faz bem até o ponto em que tu consegues ter alguma coisa de volta, afinal, a gente abraça para ser abraçado, beija para ser beijado e, obviamente, ama para ser amado, não é?

amélie poulain

assistir ao filme le fabuleux destin d'amélie poulain ainda me faz acreditar que o amor puro e simples existe. não sei onde ele anda, mas a cada vez que eu vejo esse filme eu me sinto mais perto de compreender o que é o amor...

ainda vou encontrá-lo.

sábado, 1 de maio de 2010

louise attaque - à l'envers

louise attaque é uma banda francesa que eu curto muito. essa música é especialmente bonita.

fora do contexto

em determinados momentos do meu dia eu me pego pensando se eu estou ficando louco ou não... me questiono a respeito disso quase que diariamente. acho que somente pelo fato de me questionar, já tenho a minha resposta. claro que não. mas tenho algumas atitudes e pensamentos que me levam a crer que algo não está bem. que alguma coisa está fora do contexto ou está errada. é estranho.

ao mesmo tempo em que o meu accident me fez repensar várias coisas da minha vida, devido às mudanças que foram sendo impostas a mim, eu fui virando um fantasma. essa é a impressão que tenho, e não lembro de tê-la compartilhado com vocês, prezados leitores. mas porque um fantasma? vou tentar explicar: eu tive que mudar de cidade depois da minha brincadeira automobilística (que, por sinal, está para completar um ano), mas a grande maioria dos meus amigos estão em caxias do sul. eu participo das conversas das pessoas que estão geograficamente localizadas em caxias do sul, mas eu não estou lá.

hoje, moro em santa maria, e não conheço um só santamariense! c'est incroyable! as pessoas daqui que eu conheço são todas de outras cidades. aqui eu não saio à noite (ainda não, pelo menos), ainda não tenho atividades diárias que ocupem o meu tempo e a minha mente, que por sua vez viaja, longe, às vezes. só a fisioterapia é pouco.

mas as coisas vão mudar. hão de mudar. eu vou mudar e vou mudá-las. elas tem de agir a meu favor e não contra mim. mas como é difícil. credo.

a distância e o tempo

cara, como a distância e o tempo são coisas relativas...

esta manhã acordei com uma nesga de sol diretamente no meu olho, às 8H52 da manhã. leventei-me, pensei que estava acordado, pensei na vida, me virei de lado, mantive a janela aberta e voltei a dormir. mas com uma sensação de vazio por dentro. não escrevi nada, não falei com ninguém. simplesmente voltei a dormir.

duas horas depois vem minha mãe no quarto, me oferecendo um café da manhã, acordei, meio de susto, aceitando a oferta, é claro. ritual de sempre, abrir computador, três janelas do google chrome: gmail, twitter e facebook, nesta ordem. chego na janela do facebook e vejo que uma amiga minha, da sardegna (aquela ilha grande ao lado esquerdo da itália no mapa) havia postado um video do caetano veloso pra mim; o video era da música "sozinho". ouvi a música, prestei atenção à letra e pensei: caralho, ela está a mais de dez mil quilômetros de distância e me manda esse vídeio, justo hoje, justo essa manhã... e eu não acredito em coincidências.

chiara foi uma amiga que fiz na época em que morei em frança, em 2002. tivemos um casinho rápido, mas ela me marcou. e eu a marquei também. ela me fez lembrar que dez dias antes da minha partida de volta ao brasil eu deixei um bilhete por baixo da porta da casa dela dizendo: "chiara, amore mio, il y a encore 10 jours pour que tu viennes avec moi au brésil!".

e hoje de manhã, eu, me sentindo sozinho no mundo, receboo essa canção de uma pessoa que está tão longe que não levaria menos de um dia para eu ir até lá se eu quisesse ir agora. enfim, conversamos um pouco por msn, contamos histórias antigas, visões de futuro; chiara quer vir ao brasil. logo. and i can't wait to see her.

depois da nossa conversa o azul do céu ficou mais azul e o brilho do sol ficou mais intenso.

chiara, mia bella chiara: dopo la nostra conversazione il blu del cielo è stato più blu e la luminosità del sole è stata più intensa.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

o retorno de jedi, by ekaterina czipemula

este texto é retirado do blog de uma amiga que prefere o anonimato, mas me deixou publica-lo, sob a condição de não revelar quem é. eu amei o texto e espero que você, estimado leitor, também curta:

"Vamos imaginar um deserto ok? Uma montanha e um penhasco também. Vc lá em cima na montanha. Imagine agora q alguém te empurra para o nada.

Uma queda livre que provavelmente provocará muitos, mas muitos estragos. Ao chegar ao chão, bem lá no fundo do abismo, suas pernas, seus braços, seu corpo todo dói. A dor parte sem dó ao meio a sua alma, sua esperança, seus sonhos. Tudo é arrebentado. Você não tem a miníma idéia de como vai conseguir sair dali. Aliás, vc nem tm como pensar em algo q não seja toda a dor.

O tempo passa, não precisa muito e as coisas começam a voltar ao lugar, vc finalmente já consegue estabelecer alguns pequenos raciocínios. A primeira coisa que olha é para cima. O tamanho assusta. Mas ficar ali em baixo além de ser bem pior não te levará a nada.

Então começa a escalar, pé por pé a montanha, parece longe. Varias e varias vezes inutilmente você tenta achar uma solução uma saida que não seja tão dolorosa quanto aquela. A força não é a mesma que a esperança, bem diferente, ou uma ou outra estará faltando.
As pqnas quedas, não são mais sentidas. Afinal dor por dor tu já conhece a maior e pior. Sobe. Não olha para trás, é dificil mas não olha. Dia após dia, os obstáculos vão se extinguindo, a força revigorando, a dor esquecida, ainda sentida quando a ferida é tocada, mas esquecida... e a esperança tomam conta de você. É assim que se volta ao normal. Não se esta no topo do mundo, mas nem no buraco da alma.

É ai que você deita na grama molhada, mesmo no frio, olha as estrelas e pensa que tudo aquilo é uma besteira. O que fazer? O que dizer? Ah, O QUE DIZER??? Nada, nada nada!! Apenas permaneça deitado por algum tempo. Apenas o tempo necessário para reaver seus erros e seus acertos. A queda, a complicada subida. Todos limites foram postos em prova... Você sobreviveu de novo. Sozinho."

o último texto da cinderela

muitas pessoas já sabem quem é a minha cinderela. no último sábado várias pessoas a viram comigo, ligaram os pontos e vieram me perguntar se era ela "a" cinderela dos meus sonhos, devaneios, palavras e tudo o mais. não tive como negar; e não nego que não queria negar, apesar de estar envolvendo um ser humano, de carne, osso e sentimentos, como eu, nas minhas histórias.

nos últimos dias conversamos muito sobre isso...

e decidimos que, a princípio, aqui no blog, esta seria a última história envolvendo a cinderela. eu estou há dias tentando escrevê-la, mas não está fácil; vários motivos dificultam essa tarefa: eu curto a história da cinderela (ela também); a curiosidade em torno da pessoa real ainda existe, apesar de ter sido desvendada por muitas pessoas; com o tempo a gente foi criando uma história de conto de fadas surreal entre duas pessoas extremamente reais que acabou por nos assustar quando a realidade bateu à nossa porta, mas isso foi bom porque aprendemos a lidar com a situação. mas enfim, eu não tenho o direito de expor uma pessoa ao público em função dos meus devaneios e sonhos.

pra mim, sempre vai haver uma cinderela. nos meus sonhos e na minha realidade. mas aqui vai o fim da cinderela no blog:

"em breve eu vou viajar. cinderela também vai. ambos iremos para caminhos muito distintos, mas ambos sairemos em busca de realizarmos nossos sonhos. mestre cartola dizia em uma de suas letras que o mundo é um moinho, ou seja, que ela dá muitas e muitas voltas. eu tenho certeza de que eu ainda vou me encontrar com a cindereela em muitas destas voltas e que todos os encontros serão mágicos, únicos e sublimes, como sempre foram os momentos em que passamos juntos.

nos derradeiros dias meus em caxias do sul, vi pouco a cinderela. por opção. tivemos medo de nos envolvermos demais a ponto de sofrermos pela distância que, implacavelmente, nos colocaria em caminhos diferentes em pouco tempo. de toda sorte, resolvemos nos ver, nem que fossem por alguns minutos, nos três dias que antecederiam o meu retorno. e assim foi. conversamos muito. falamos de futuro. do presente. da vida. dos nossos sonhos. de nossos problemas. muitas coisas.

o que eu posso dizer é que nossa despedida foi simples e feliz. que ainda mantemos contato e que, se depender de mim, o manteremos para sempre pois ela é uma pessoa que eu quero ao meu lado, seja como for, e ela sabe disso."

querido leitor, sinto muito pelo fim das historinhas da cinderela, mas é o melhor a se fazer. não me julguem, nem fiquem bravos comigo. se olharmos para dentro de nós, em nossos corações, veremos que cada um de nós tem um conto de fadas pra chamar de seu. ou não?

poeminha

fiz esse poeminha para a cinderela, depois de ler um poema de Mário Quintana:

Aplica-se a nós? Sim? Não? Faz sentido?
Não sei, ainda não pensei.
Mas quero que seja, seja quando for,
Por que te desejo, um desejo de amor.

domingo, 25 de abril de 2010

stand by me

cinderela me fez chorar hoje a noite... =)

sábado, 24 de abril de 2010

eu quero mais

aqui eu pensando na vida e de repente me surge, do nada essa frase: eu quero mais.

há umas semanas atrás a cinderela me incentivou a sempre querer mais, para ter mais. o engraçado de tudo isso é que o que eu mais quero mais não quer que eu queira mais do que eu quero.

life's funny! i'm confused

arte e sociedade

chupinhado daqui.

“Ainda faltam cinco meses para a 29.ª Bienal de São Paulo ser aberta ao público, mas um verdadeiro exército de professores já está sendo preparado para ela. O objetivo do Projeto Educativo da exposição é dar formação para 20 mil docentes de escolas públicas e particulares e, com a ajuda deles, atingir 400 mil alunos do ensino básico.

“Este ano a parte educativa foi intensificada e os professores passaram a ser público prioritário. São os professores que preparam as crianças para vir à Bienal”, afirma Stela Barbieri, curadora do Projeto Educativo. “É uma grande ação política. A Fundação Bienal se propôs a ter um Projeto Educativo permanente, pois a educação se faz a longo prazo.”

Para Stela, o investimento em ações de educação é uma necessidade estratégica. “No Brasil, onde o ensino de artes ainda é deficitário, as instituições culturais acabam assumindo a função de formação do público”, diz.

Os cursos em parceira com secretarias de educação de outras cidades estão sendo pensados caso a caso. Da rede estadual, 7,5 mil professores participarão de um curso a distância. Docentes de escolas estaduais, educadores de organizações não-governamentais (ONGs) e líderes comunitários também serão capacitados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.”

Este texto é uma cópia “literalmente” interessante de uma atitude que possa fazer sentido ou dar sentido as coisas pelas quais se devem dar importância. A Arte é o flogisto de nossa capacidade criativa e, portanto, necessária para conseguirmos viver com capacidade de sermos eficientes perante esse novo mundo que se nos apresenta. É um desafio e por ser exatamente um desafio se faz necessário; pois, só há evolução onde podemos ser desafiados. o resto! é pura cópia do cotidiano: que já está por nosso pensamento mais do que assimilado.

desafio e Arte é meu tema!!!

viver é para isso, mudar e se expandir sempre diferente daquilo que já sabemos.

saravá.

apesar de ser um texto extraído do jornaleco o estado de são paulo, meu amigo mou sabe o que diz.

MGMT - Kids

eu e a cinderela amamos essa música…

sexta-feira, 23 de abril de 2010

amores

caro leitor, uma perguntinha básica a respeito do amor: é tão difícil assim se deixar levar por um amor? por que a gente vive medindo e comparando os nossos sentimentos? é realmente necessário fazer o joguinho do amor?

eu sou ariano, não sou muito crente em horóscopos e coisas do gênero, mas pelo fato de ser ariano e mal comparando as minhas atitudes com as de amigos e amigas arianas, vejo que nós temos uma tendência quase suicida de se jogar de cabeça em todo e qualquer relacionamento que julgamos valer a pena. imagine a cena: uma cachoeira de 100 metros de altura, um pequeno lago lá embaixo. eu pulo. foda-se. se o lago for fundo, beleza, vai ser um mergulho magnífico. e se não for…?

pois é. geralmente não é. geralmente o ariano se fode por fazer coisas demais, por pensar demais, por achar que é tudo com ele, por agir de forma desproporcional, desmedida, intuitiva, intensa…  bom, a gente faz o que pode e o que não pode para tentar encantar alguém, sem frescuras, sem joguinhos, de coração aberto, mas no fim das contas, quando a gente se dá conta, já entrou no joguinho. aí entra a demora pra responder uma mensagem no celular, retornar uma ligação, etc.

eu não gosto desse joguinho. eu gosto das coisas claras. preto no branco. sem frescuras. sem combinações e arranjos, sem enganos, mentirinhas e bobagens do gênero. aí, sabe o que acontece: eu tomo no cu (desculpe o palavreado). sempre. e vai ser sempre assim. eu sou um idealista que acredita sempre no amor.

onde isso vai dar? eu não sei. mas eu vou continuar insistindo nas minhas ideias e naquilo que eu acredito e não vou fazer joguinhos com ninguém. nem com a cinderela. eu sou autêntico, verdadeiro, honesto e totalmente incoerente por fazer isso contra tudo e contra praticamente todos. sabem o quê? I DON’T GIVE A SHIT !!!

quero meu amor de conto de fadas e vou morrer tentando encontrá-lo.


(Nota do blogueiro: este texto expressa somente as minhas ideias e vontades e de mais ninguém)

as pedras, as rochas e o castelo

é de tarde. o tempo está feio. uma garoa fina lá fora. frio. e contra todos os prognósticos, eu resolvi sair debaixo das minhas cobertas quentinhas e saí de casa. quero aproveitar meus últimos dias em caxias antes de voltar para casa.

hoje não falei com a cinderela ainda. estou esperando um contato dela, que ainda não veio. de toute façon, me sinto bem. sei que o castelo branco está inteirinho, todo ornado com aquelas flores brancas e amarelas, e com um lindo jardim ao redor. no castelo branco o tempo nunca fica ruim. sempre tem sol, a temperatura é agradável e se ouvem pássaros cantarolando o tempo todo. a grama é verdinha. os arbustos são cheios de flores.

em menos de uma semana eu vou embora, mas um pedaço de mim vai ficar aqui. se isso é bom ou ruim, só o tempo vai dizer. se eu estou certo em querer manter esse castelo de pé, só o tempo vai me dizer, também. antigamente isso me incomodava, hoje não me incomoda mais. acho que amadureci. e além de ter amadurecido, aprendi a lidar com as pedras que sempre se colocam no nosso caminho.

você, amigo leitor, já sabe o que fazer com as pedrinhas que se colocam no seu caminho? estes dias eu escrevi sobre as rochas que nos cercam; família, amigos, amores, conhecidos, desconhecidos. você pode usar essas pedrinhas e construir rochas ao seu redor, que lhe ajudem a superar momentos difíceis. você vai ver. elas sempre serão úteis. eu recolho todas as que eu encontro pelo meu caminho.

faça a sua parte, recolha as suas, e faça coisas boas com elas. =)

pão de queijo

desde um pouquinho antes do meu acidente eu não fazia nada na cozinha. eu gosto de cozinhar. gosto de brincar com as comidas e temperos e fazer coisas novas, interessantes. mas desde o meu acidente eu tinha perdido essa vontade. não sei bem explicar o porquê, mas eu meio que desisti de cozinhar, ou de fazer coisas na cozinha. até hoje de manhã.

sei que a cinderela ama pão de queijo. sei que fazer pão de queijo não é fácil. eu gosto de aventuras e adversidades. resolvi fazer uma receita de pães de queijo para a cinderela, afinal, tudo o que a gente faz com amor e carinho, sempre dá certo.

então… nesta manhã tipicamente caxiense, me pego literalmente com a mão na massa, começando a minha receita de pão de queijo especial para a cinderela. sem suspense, deu tudo certo. os pães ficaram bons, não perfeitos, mas bons, e ela adorou. não apenas os pães mas o fato d’eu te-los feito.

bom, eu ganhei um bolo de chocolate e devolvi com pães de queijo. é uma boa troca. =)


(nota do blogueiro: corrigi o texto permeado de erros de digitação. culpa do rivotril)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

a rocha

no dias de hoje, em que tudo muda constantemente, é difícil pararmos e pensarmosem como as coisas simples da vida nos fazem bem e são importantes. a gente está sempre com um pé lá na frente, tentando prever o nosso futuro o tempo todo, vivendo o futuro, sem olhar para o passado, em busca de aprender com os nossos erros e acertos, e menos ainda vivendo o presente. e quem não vive o presente, não se dá conta de que somente o vivendo é que temos como construir um futuro.

hoje eu acordei pensando no meu presente, no que eu faço diariamente para melhorar a minha vida e a daquelas que me rodeiam. também pensei no qe eu não faço. e cheguei à conclusão de que eu preciso fazer muito mais. eu recebo diariamente força, apoio, ajuda, física ou mental, de um monte de pessoas, de gente que eu nem conheço até; são coisas que não se pagam com dinheiro. isso tudo não tem preço. não adianta eu chegar com uma máquina etiquetadora e colocarpreço em tudo o que me fazem, apesar de várias coisas terem preço (meu pai que o diga); mesmo assim, o que fazem por mim, é impagável.

há pouco eu estava falando com a minha mãe sobre várias coisas, e ela me comentou uma história que ela ouvira, sobre uma rocha, sobre alguém que tem uma rocha, um porto seguro; um alguém em quem se apoiar nos momentos necessários. hoje, eu percebo que eu tenho várias rochas ao meu redor; quando uma some, tem aquela do lado, e logo vem outra no lugar daquela que sumiu. cada rochinha é diferente e tem o seu papel na minha vida. eu sou grato a cada uma delas, que não me deixam afundar, nem cair na lama.

você, caro leitor, já parou para ver se você tem a sua rocha?

terça-feira, 20 de abril de 2010

special people still exists

aos poucos vou me habituando a esssa vida que eu não pedi. vou percebendo as reações das pessoas que estão ao meu redor; como elas me olham, como elas reagem ao ver que eu uso uma cadeira de rodas; como me cumprimentam; como deixam de me cumprimentar e/ou de me olhar. faz parte.

eu não me importo muito com isso. sou esclarecido o suficiente para perceber que muitas dessas pessoas não se aproximas de mim por que siplesmente não sabem o que me dizer. isso é compreensível. mas tem uma coisa que eu não admito e você, arguto leitor, já deve saber o que é: hipocrisia. eu odeio hipocrisia e gente hipócrita, masmo sabendo que eu mesmo cometo atos hipócritas sometimes. todos nós os cometemos. mas tem gente que não se liga.

sei de pessoas, meus “amigos”, que foram no guincho, logo após o meu acidente, ver o estado que tinha ficado a minha camionete, mas que não teveram coragem de ir ao hospital me ver. vão se foder, isso é o pior grau de hipocrisia e falta de respeito para com um ser humano que eu já vivi.

se me perguntarem 100 vezes se eu sou uma pessoa feliz, hoje. responderei 100 vezes a mesma coisa: sim! eu sou mais feliz hoje, por ter recuperado um pouco de mim que eu tinha deixado escondido, por ter recuperado a minha família, por ter me aproximado de amigos que eu nem imaginava fossem meus amigos de verdade. e por ter cruzado o meu caminho com a cinderela.

cinderela me mostrou que eu tenho muito a aprender. não vou cansar de repetir os elogios que eu faço a ela, por que, assim como ela, eu me considero uma pessoa especial, dotada de qualidades especiais e que tem um imã que sepre direciona para estas pessoas especiais. pode até demorar, mas sempre funciona.

todos os comentários que eu fiz a respeito dela, das qualidades inerentes ao jeito dela agir, das mãos carinhosas, da postura, das pernas, dos pés, dos olhos negros que eu amo, do beijo, do cheiro, dos abraços… tudo isso me faz gostar cada vez mais dela. e eu tenho certeza de que ela tem muitos motivos para também gostar de mim. eu e a cinderela somos diferentes. buscamos coisas diferentes. queremos mais e não nos contentamos com o ordinary. i love it.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

o amor de pinguim

frequentemente ouço alguma amiga minha, desiludida com o amor, xingando todos os homens da terra, generalizando que todos somos cafajestes, um bando de sem-vergonhas que só pensam naquilo e não estão nem aí para os sentimentos femininos. dizem que o cara não se preocupa com elas em nada; não é gentil, não levanta da cadeira quando ela chega, não puxa a cadeira gentilmente quando ela vai sentar, mal pega na mão dela, não quer ouvir histórias de amigas, não se preocupa com o sexo, enfim, um brutamontes que não se importa. uma pessoa com o coração de pedra.

pois bem, eu sempre ouço esse tipo de conversa. algumas me dizem que tem o dedo podre, que não sabem escolher; outras não precisam nem dizer nada, é notório que estão infelizes; algumas já me disseram que tinham apanhado, mas mesmo assim, continuavam com a pessoa. sim, meu amigo leitor, eu já ouvi muitas dessas histórias. sim, eu tenho muitas amigas e, sim, eu já ouvi todas essas histórias e outras bem mais cabeludas do que as que eu demonstrei acima, mas não convém falar a respeito agora.

uma coisa em comum: todas querem um príncipe encantado, que elas julgam ser o cara gentil, que faz tudo o que o brutamontes acima descrito não faz, e mais um pouco. esse cara até existe, mas tem que procurar. não é fácil achar um amor de pinguim.

estes dias eu disse à cinderela que ela tinha ganhado um amor de pinguim. aconteça o que acontecer. esse amor de pinguim é o amor que o príncipe encantado que toda mulher procura tem a oferecer. estou me comparando a um príncipe, sim, metaforicamente, mas é por que vocês, mulheres, convencionam assim.

eu estou longe de ser um príncipe, mas tenho amor de pinguim. sempre tive. sempre vou ter. tenho meus defeitos e ainda por cima vivo um drama de novela (olha a novela das nove vindo a calhar de novo). mesmo assim, tenho minhas qualidade e acredito que elas são muito maiores do que os meus defeitos e imperfeições.

sem querer ofender, ninguém, amigas, um homem bonito demais, gentil demais, limpo demais só pode ser gay. todo homem de verdade tem uma coisa feia; uma unha encravada, chulé, caspa, espinhas nas costas ou é muito peludo, ou tem tetinhas salientes. o homem precisa ter uma coisa feia pra ser homem. acreditem. mas mesmo assim, um homem é capaz de oferecer um amor de pinguim. acreditem.