segunda-feira, 3 de maio de 2010

as coisas não são como a gente quer

os gurus falam sempre uma frase que me deixava - e ainda me deixa - crente de que eu poderia ter tudo o que eu quisesse: "querer é poder". repita três vezes, mentalize e... puft: seu desejo realizado! serve para qualquer situação - dívida no jogo, amor mal-resolvido, atrair sorte, espantar mau-olhado e toda sorte de problemas que você, arguto leitor, quer resolver. bom, eu cresci acreditando nisso. tenho 33 anos e ainda acredito nisso.

aí acontece o seguinte: nem sempre a gente consegue aquilo que quer. faz parte do mundo, do ser humano. nem a verusca salt da fantástica fábrica de chocolates do willy wonka teve tudo o que ela queria; acho que nem a rainha beatrix, da holanda tem tudo o que ela quer... bem, você já deve ter entendido, caro leitor, n'est-ce pas ?

resultado da criança educada para ter tudo e percebe que nem sempre é assim que funciona: aos quatro anos ela bate pé, chora de mentira e vai para o quarto; aos sete ela xinga o pai a mãe, toda a geração anterior da família, bate o pé, chora de mentira e vai para o quarto; aos doze ela discute com o pai e com a mãe, os xinga, xinga os antepassados, bate o pé, chora um pouco menos (principalmente se for menino) e vai para o quarto; daí em diante, o já adolescente, briga e sai de casa pra espairecer - se ele for meio marginal (ou metido a marginal), ele vai fumar maconha com os amigos, se rebela contra a sociedade, vira punk/anarquista ou bicho-grilo/veggie ou um milhão de outras coisas...

voltando ao assunto e, insistindo no erro de dizer que eu já tenho 33 anos, eu ainda fico bicudo quando algo acontece diferentemente daquilo que eu quero. simples assim. e odeio que venham me dizer para ter paciência; odeio que me digam "que é assim mesmo"; odeio que me digam para me conformar, pois, sozinho, eu não vou mudar o mundo. odeio gente conformada. odeio essa filosofia barata cristã de que tudo acontece pelo melhor ou por que deus quis assim. eu acordo todas as manhãs fazendo escolhas, e vou para a cama à noite escolhendo. sou eu que tomo as decisões que me afetam e que afetam aos outros, diariamente, milhares de vezes por dia. o que eu quero dizer com isso, é que eu não acredito no acaso e que as coisas não acontecer por acontecer. cada atitude minha, ou sua, prezado leitor, desencadeia uma série de ações que interferem no seu mundo, e até mesmo no meu, em alguns casos.

isso não quer dizer que eu não acredite no destino. em um destino que nos foi, ou nos é traçado a cada instante, em virtude daquela escolha feita, ou não feita, durante o café da manhã.

o mundo está aí, enorme e cheio de opções, basta escolher. nós temos opções, basta olhar ao redor.

este texto parece um tanto agnóstico, mas se você, leitor astuto que é, perceber bem, vai ver que ele é cheio de concepções religiosas, mais ou menos ortodoxas que te fazem pensar. bom, a mim, me fazem pensar, e muito. é o que me interessa. se faz você pensar, melhor, somos eu e mais um ou dois don quixotes a lutar contra os moinhos de vento do nosso caminho.

welcome to the fight club !