domingo, 4 de abril de 2010

O tripé

este texto abaixo é obra de um jornalista de muita credibilidade que me permitiu que eu usasse o texto dele. porquê? por que nesse texto ele expressa muito claramente como funciona o nosso país; como a população é manipulaa e como os mesmos de sempre continuam urubuzando o poder. como eu disse, o meu blog também é um exercício de pensamentos humanistas, acho que marco aurélio mello é seu blog também o são. Se quiserem visitá-lo, eis o link: http://maureliomello.blogspot.com/.

“Quem frequenta o blog há mais tempo deve ter notado que, afora as reflexões sobre jornalismo e meios de comunicação, tenho uma inclinação por três assuntos que, na minha opinião, constituem o tripé que sustenta a compreensão da dinâmica de uma sociedade: a fé, o dinheiro e o poder. Não por acaso falo com alguma frequência sobre a decadência da Igreja Católica, os rumos da economia e algumas impressões sobre a política. Se o que move o ser humano é o medo e a eterna luta pela sobrevivência, o que nos faz acreditar em nós mesmos e no futuro? A fé. Mas qual é o ideal de felicidade da vida moderna? A ascendência sobre os outros, seja pelo que ostentamos, seja pelo poder que temos concentrado em nossas mãos. Quando estabelecemos este tripé, que nem é assim tão original, já que a disciplina de história ensinada nas escolas do Ocidente segue rigorosamente esta lógica, podemos entender melhor determinados papéis, sobretudo num país emergente, de democracia recente e cheio de injustiças de toda sorte. Enquanto a Igreja Católica sufocou a "vocação pelos pobres" silenciando a Teologia da Libertação, no fim dos anos 70 e durante os 80, uma "Ditabranda", como prefere chamar a Folha de S. Paulo, silenciou as vozes dissonantes desde o golpe militar e o "liberalismo do mercado" mais recentemente libertou a classe média emergente para o consumo de massas. Olhando assim, o que significou a ascenção de um nordestino, migrante, ex-metalúrgico, sindicalista e católico libertário ao poder? Significou "metaforicamente" o fim da Doutrina da Fé professada pela Igreja conservadora, o fim da hegemonia política imposta pela elite intelectual e pelas oligarquias rural, empresarial e midiática e o desmonte do modelo econônico baseado na transferência de patrimônio público para agentes privados, numa escala tão grande que transformou o Brasil num dos países mais desiguais do mundo! Por isso, digo: o que está em curso em 2010 é sim uma guerra, das Igrejas Católica e Evangélicas, por um lado; de dois modelos políticos que se opõem, sendo que o melhor deles é aquele que privilegia um pacto federativo amplo, descentralizado, em que o poder emana dos que estão mais próximos de seus representados (legitimidade); e por fim, de uma lógica capitalista que privilegia o combate à pobreza e à desigualdade pelo Estado versus a centralização e concentração econômicas de antes. Essa guerra vai ser travada num debate público explícito, portanto bom para a democracia. Mas, nos bastidores, pelas mãos da mídia - quase oligopolista - nascerá o discurso golpista, cunhado à sombra da manipulação de imagens e informações, como nunca antes na história desse país. Caberá aos que tem algum discernimento ajudar a iluminar o caminho dos cegos, para que não levemos nosso país mais uma vez ao precipício de um novo totalitarismo. O risco não é pequeno.”